Após invasão de fazenda de Japorã terminar em incêndio e confronto com fazendeiros, o prefeito da cidade, Paulo Cesar Franjotti, minimizou a situação e disse acreditar em desencontro de informações e "muita conversa" em torno do ato liderado pela FNL (Frente Nacional de Lutas Campo e Cidade).
No sábado (18), a Fazenda Fernanda foi ocupada no município a 476 quilômetros de Campo Grande. Segundo nota da FNL, a invasão foi desfeita após confronto e incêndio de barracos dos acampados e imóveis da propriedade, como mostram os vídeos feitos no local.
"No domingo de manhã fiquei sabendo que umas 50 ou 60 pessoas foram até uma propriedade e no dia seguinte já desocuparam. É uma área muito pequena, que o rapaz comprou alguns sítios. Acho que está havendo muita má informação, até porque na cidade não tem propriedade rural grande ou área improdutiva", comentou o prefeito.
Ainda de acordo com Paulo Franjotti, até o momento nenhum movimento o procurou. "Oficialmente ninguém me procurou. Acho que todo movimento é válido desde que seja organizado e de maneira legal. Não dá para ser bagunçado", pontuou. O prefeito garantiu que não há novas ocupações na cidade.
Em nota, a Frente Nacional de Lutas Campo e Cidade prometeu novas ações em todo o Estado. O grupo "pede às autoridades que cumpram a lei e encaminhe a área para fins de reforma agrária, para que seja organizado um assentamento imediato das famílias".
Atualmente, Japorã conta com três assentamentos, um com 212 propriedades, o segundo com 263 e o terceiro com 55. Além disso, o município tem área indígena retomada onde vivem 800 famílias.
Outro movimento crescente em MS é o MST, que busca a reforma agrária e distribuição de terras a partir de acampamentos. "Tem muitas pessoas que querem sair do aluguel e vão morar no acampamento", afirma o dirigente do movimento no Estado.
O novo acampamento começou há cerca de uma semana. "Por causa da chuva, muita chuva, está meio devagar ainda. Mas estamos na construção", garante Douglas.
São cerca de 10 hectares de acampamento a quase 30 metros da rodovia. "A área em que a gente está ali é uma área social, é uma reserva do assentamento Nova Conquista", destaca.
Assim, a organização das famílias fica a cargo do diretório do MST do Estado. "Quando a família vem fazer o cadastro a gente já fala para ela trazer madeira, alimentação e lona para construção do barraco. Cada família faz sua casinha lá", detalha.
Douglas diz que a maior parte das famílias acolhidas "vivem em situação de pobreza, sem condições para aluguel, energia. Então, elas vêm para o acampamento para poder se organizar e fazer uma luta para ter uma conquista lá na frente".
O MST-MS possui outros três acampamentos fixos no Estado. São localizados em Japorã, Nova Andradina e Sidrolândia.
No Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra há mais de 17 anos, Douglas garante que novos acampamentos surgem de acordo com a procura das famílias. "As famílias que procuram a gente para se organizar, elas veem uma oportunidade agora, com esse governo".