No encontro, que ocorreu no dia 17 de fevereiro, representantes afirmaram que os problemas de visão atribuídos às pomadas seriam de responsabilidade de trancistas e das vítimas. As falas foram vistas como racistas por usuários das redes sociais que tiveram acesso ao conteúdo da reunião. Os internautas também destacaram a presença majoritária de pessoas brancas no evento, que ocorreu por meio de videoconferência.
Fabricantes afirmaram que os problemas decorrentes das pomadas, como a cegueira temporária, teriam supostamente ocorrido por falta de higiene. De acordo com eles, os usuários passariam vários dias sem lavar os cabelos.
Em nota, a Anvisa afirma que "não há alegações técnicas de que os eventos adversos graves estejam relacionados ao uso por pessoas negras e mais especificamente à prática de trançar cabelos".
"A Agência rejeita e abomina qualquer forma de discriminação, em especial o racismo", diz o texto.
A trancista Cláudia Talita, do Quilamú Ateliê de Tranças, aponta que as falas vêm de uma concepção prejudicial e racista sobre penteados e cabelos afro. "É muito revoltante."
Ela reforça que "não é uma pomada exclusiva para tranças e que [o produto] sempre foi usado em outros penteados".
Talita também destaca que as tranças são apenas uma estilização, ou seja, não há mudanças químicas na estrutura do cabelo. "A responsabilidade de regulamentar os produtos é da Anvisa e de quem comercializa, não é nossa."
A profissional conta que sempre orienta os clientes a seguir bons cuidados para evitar problemas com os penteados, além de procurar um profissional da saúde em caso de irritações.
As tranças podem ser lavadas normalmente com água e shampoo, e a frequência pode depender do tipo de cabelo, afirma. Talita recomenda que a higienização seja feita de uma a duas vezes na semana.