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Serra da Bodoquena; abaixo-assinado defende águas cristalinas e lista problemas da região turística

Por Midia NAS em 04/03/2023 às 10:35:26
Ainda que a chuva tenha trazido a queda d"água de volta para a cachoeira Boca da Onça, os problemas da Serra da Bodoquena são diversos, e passam por ações humanas e pelo descaso do poder público há muito tempo, inclusive fomentando um abaixo-assinado que busca defender as águas cristalinas e biodiversidade local.
Essa situação de seca da cachoeira acontece há pelo menos três anos na região e, um dos sócios proprietários Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Cara da Onça, Gerson Jara, explica que além dos fatores climáticos, a ação humana tem seu peso.
“Havia realmente no período de seca um desvio, para manter o fluxo de água em outros atrativos da Boca da Onça. A própria gerência Boca da Onça fala que houve um avanço das áreas agrícolas no entorno dos córregos e mananciais que abastecem a cachoeira”, esclarece ele.
Para Gerson, há uma necessidade urgente de se criar um cinturão de proteção, em torno dos mananciais e onde há mina d"água na região.
“E acho que também proteger as fontes desaguadouras, córgos e nascentes que não são cercadas e guardas as devidas proporções, na metragem da área de proteção”.
Para o empresário, é preciso uma ação acordada entre vários setores, como a Secretaria do Meio Ambiente (Sema), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Ministério Público.
“E ONG"s do meio ambiente, no sentido de cercar e proteger as matas ciliares, áreas de mananciais. Precisa criar uma política de preservação, não só dos córregos e desaguadouros do que abastece a Boca da Onça, como também de todos os corpos da região”, expõe.
Segundo ele, houve uma projeto semelhante no entorno do Salobra, há mais de 15 anos, sendo que as cercas emplantadas já caíram nessa altura do campeonato.
“Então precisa ter uma ação organizada para preservar. Mas a gente vem percebendo também que a qualidade da água do Salobra tem ficado muito barrenta. As águas, nesse período há uns 10 anos, eram águas turvas, não ficava com cor de barro, agora a água está barrenta e isso vem preocupando a gente”, comenta também.
Abaixo-assinado
Conforme a petição formulada pelo Coletivo Unidos da Serra da Bodoquena, que já conta com 1.512 assinaturas digitais, a expansão agrícola prejudica a área, com o crescente desmatamento e substituição da pastagem para dar lugar às monoculturas de soja e milho.
“Essa expansão é uma das causas dos frequentes turvamentos dos rios de águas cristalinas da Serra da Bodoquena. Na bacia do Rio da Prata, as áreas de monocultura de soja cresceram de 4% em 2010 para 20% em 2020, sendo que quase 13% de área de mata nativa foi desmatada para este fim”, cita a responsável pelo documento, Ana Almeida.
Ela ainda expõe que, nos últimos 10 anos, relatos de moradores confirmam o maior turvamento dos rios, que levam maior tempo para limpeza após o fim das chuvas de grande intensidade.
“O turvamento compromete a biodiversidade, pois impede a entrada de luz na coluna d"água, impactando negativamente os organismos que realizam a fotossíntese e comprometendo toda a cadeia de seres vivos presentes nos rios”, diz ela.
Ainda, o documento proposto pelo coletivo lista ações para preservação da Serra da Bodoquena:
  1. Realização da 3ª aproximação do Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE) para a região da Serra da Bodoquena;
  2. Maior fiscalização quanto à Lei Estadual nº 1.871, de 15 de julho de 1998, que “estabelece a forma de conservação da natureza, proteção do meio ambiente e defesa das margens nas áreas contíguas aos Rios da Prata e Formoso, e dá outras providências”, onde deve ser cumprida a proteção de vegetação nativa de 150 m em cada margem dos rios (Faixa de Proteção Especial);
  3. Como a Serra da Bodoquena está localizada em área de Mata Atlântica, maior fiscalização e respeito à Lei da Mata Atlântica, na qual o licenciamento para desmatamento é extremamente rigoroso;
  4. Fiscalização quanto à aplicação do plano de conservação de solos de Mato Grosso do Sul;
  5. Programa de redução do uso de agrotóxicos nas lavouras, pois, devido ao relevo cárstico, existe alto potencial dos químicos atingirem os lençóis freáticos, comprometendo a saúde dos moradores, dos turistas e da biodiversidade;
  6. Criação do Comitê da Bacia do Rio Formoso para deliberação de ações para conservação de um dos principais rios do maior destino de ecoturismo do Brasil.

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