Vazamento de amônia em indústria teve origem no sistema de refrigeração

Vazamento de amônia em indústria teve origem no sistema de refrigeração

Após inspeção conduzida nas instalações do frigorífico da empresa Seara Alimentos Ltda., na zona rural de Dourados, a Divisão de Perícias do Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso do Sul (MPT-MS) apontou que o vazamento de amônia ocorrido no último dia 28 de fevereiro teve origem em falhas identificadas no sistema de refrigeração. Muitos trabalhadores que estavam nas áreas interna e externa da indústria foram atingidos pelo gás, sendo que 33 deles necessitaram de atendimento hospitalar. A unidade da Seara, em Dourados, é voltada para o abate de suínos e industrializados.

Segundo informações prestadas à perícia por funcionários do frigorífico, o incidente foi provocado por uma oscilação de tensão na rede pública de energia elétrica. Essa instabilidade, a princípio, ocasionou falhas no painel de comando localizado na casa de máquinas e a abertura da válvula de segurança de um dos compressores que integram o sistema de refrigeração por amônia. Com isso, o gás proveniente da válvula foi encaminhado pelo suporte de coleta até o tanque de água situado na parte superior da casa de máquinas, possibilitando seu espalhamento na atmosfera e em diversos ambientes de trabalho e áreas externas da indústria, sem o devido tratamento.

A amônia que vazou no frigorífico é um produto químico perigoso, corrosivo para a pele, olhos, vias aéreas superiores e pulmões. “Para que não haja o risco de intoxicação dos trabalhadores, deve-se providenciar uma tubulação específica de coleta e descarga do fluido para a atmosfera, tanque de água ou outros sistemas de tratamento”, orientou o perito em Engenharia de Segurança do Trabalho do MPT-MS, Luiz Carlos Alves da Luz, responsável pela inspeção.

Ao listar os principais fatores que cooperaram para a ocorrência do acidente de trabalho, o perito sublinhou que o tanque de água onde aconteceu a descarga de amônia também apresenta irregularidades. “O lançamento do gás ocorreu em local impróprio, enclausurado por paredes e outras estruturas da indústria, e situado em cota bastante inferior aos pontos mais altos das coberturas das edificações próximas (cerca de 10 a 15 metros abaixo)”, acrescentou Luiz Carlos Luz.

O perito Luiz Carlos Luz finalizou o relatório indicando a ausência de controle remoto dos equipamentos mecânicos da casa de máquinas, situado no lado de fora e junto à porta de saída do setor, capaz de desligar todos os equipamentos de uma só vez, em caso de emergência; falta de dispositivo de parada de emergência, automático e/ou manual, que possa desligar todo o sistema de compressores de amônia, simultaneamente, assim como inexistência de sistema de segurança ou dispositivo que impeça que os compressores permaneçam continuamente ligados quando os condensadores estiverem desligados.

O documento traz, ainda, uma série de recomendações direcionadas à correção das irregularidades constatadas na inspeção, de modo a evitar que outros acidentes semelhantes aconteçam ou sejam agravados pela insuficiência de medidas de segurança.

O Ministério Público do Trabalho concedeu prazo de 30 dias para que a empresa promova as adequações necessárias, a contar do dia 15 de março, quando houve a entrega do relatório técnico.

O Dourados Agora procurou a assessoria da Seara/JBS para pedir esclarecimentos sobre as medidas a serem tomadas sobre o relatório do MPT, mas ainda não obteve resposta. O espaço segue aberto.