Em alerta após recentes episódios de violência pelo País, escolas particulares de Campo Grande enfrentam novo momento para a educação, que se viu obrigada a alterar a realidade no ambiente escolar. Para lidar com o problema, soluções tecnológicas, aproximação com os pais e contratação de segurança privada são as principais apostas para vencer os conflitos.
"Esses últimos acontecimentos chocaram a população e para quem tem filhos na escola a preocupação é diária. Isso nos forçou a tomar providências mais restritivas", avalia Wanderley Alves de Souza, proprietário do Colégio Cecamp, que atende alunos do ensino infantil até o médio.
Segundo ele, a unidade ganhou reforço no monitoramento de câmeras e a entrada, inclusive dos pais, ficou mais restrita. "Os pais tinham a rotina de entrar para deixar filho na sala e isso não existe mais. Agora a criança é deixada na portaria e um funcionário monitora a entrada até a sala", pontua.
Visitas à escola também ganhou novo protocolo. "Muitos pais querem conhecer o ambiente na hora de decidir matricular o filho, mas as regras também foram modificadas. Além do agendamento, um segurança passou a acompanhar a diretora e coordenadora", detalha.
No entanto, apesar do monitoramento mais rígido, Wanderley lembra que as medidas só tornam-se eficazes com o empenho e colaboração da família. "A função da escola é passar conhecimento aos alunos, enquanto a educação vem de casa. O pai precisa educar e orientar o filho em casa, complementando o que é passado na sala de aula", finaliza.
A presença de seguranças na porta de entrada e saída dos alunos tem se tornado realidade cada vez mais frequente em Campo Grande. Escola localizada na Rua Rio Grande do Sul também tem profissional que monitora a entrada das crianças.
Na Escola Harmonia, consultoria em segurança foi contratada para propor medidas de segurança e melhorias nos processos e equipamentos já existentes. Com o novo momento, a empresa estuda implantar câmeras com reconhecimento facial, limitando ainda mais o acesso ao prédio.
Segundo informou a direção, há anos a unidade conta com vigias e o quadro deve aumentar já na próxima semana.
"Iniciamos o treinamento da nossa equipe interna composta por coordenadoras pedagógicas e orientadoras educacionais para identificar eventuais comportamentos fora da normalidade", informou.
A parceria pais e escola também é estratégia da Rede Adventista de Educação. Com oito escolas em Campo Grande, Corumbá, Dourados, Nova Andradina, Mundo Novo e Miranda, uma das recomendações é para que a família verifique continuamente os itens na mochila dos estudantes, por exemplo.
"Essa medida ajuda a evitar que conteúdos perigosos ou inadequados sejam levados para o ambiente escolar", informa comunicado interno.
Entre as alternativas, a escola recomenda que pais acompanhem o comportamento dos filhos e interações dentro e fora do ambiente virtual e comuniquem a unidade sobre qualquer episódio de bullying.
Na área técnica, todos os funcionários passaram por treinamento para lidar com situações de risco e reforço na segurança, especialmente nas entradas e saídas de estudantes.
Durante toda a semana, a polícia foi acionada para diferentes ameaças em escolas de Campo Grande. Na quarta-feira (12), um estudante foi encontrado com uma faca em uma escola particular no Centro. Ontem (13), lista com nomes de estudantes que estariam em perigo foi localizada em outro colégio particular.
A Semed (Secretaria Municipal de Educação) publicou uma nota oficial nas redes sociais, onde afirma que está atuando para sanar possíveis ataques e ameaças nas escolas municipais.
Entre as ações que a Semed deve fazer, estão:
Apesar dos anúncios, a Semed não detalhou quantas câmeras e travas serão instalas e nem quando isso deve acontecer.
A preocupação assola pais e responsáveis diante da onda de terror causada por ameaças de supostos ataques a escolas de Mato Grosso do Sul. O monitoramento em tempo real é uma das medidas colocadas em prática em 255 unidades de ensino, incluindo um aplicativo que pode ter o botão do pânico acionado por servidores, com tempo de resposta de 6 a 10 minutos. A previsão é que até o fim de abril 298 escolas recebam as câmeras de segurança.
Das 341 escolas estaduais, apenas 43 ainda não contam com o videomonitoramento, essas estão localizadas em área rural ou indígena. O gerente da empresa terceirizada INN Tecnologia, Vicente Lopes, explica que há um plano em elaboração para instalação nas defasadas, pois o principal problema é a estabilidade na conexão.
O plano do Governo do Estado visa ampliar de 1.258 câmeras para 1,8 mil até o fim de abril. Cada unidade escolar conta com duas a oito câmeras, dependendo do tamanho estrutural de cada uma.
O botão do pânico é uma das medidas para acionar as autoridades em situações de emergência. Vicente reforça que o acionamento pode ser feito por poucos cliques no aplicativo da empresa. Qualquer servidor cadastrado previamente pode ter acesso ao aplicativo.