O vereador afastado e ex-presidente da Câmara Municipal de Timbaúba Josinaldo Barbosa de Araújo (PTB) foi preso por suspeita de desviar R$ 2,9 milhões através de um esquema de "rachadinha", com a utilização de funcionários-fantasmas. Ele foi detido na cidade, que fica na Zona da Mata Norte de Pernambuco.
As informações do caso foram divulgadas na segunda-feira (19), mas ele foi preso após a expedição de um mandado de prisão, que foi cumprido na quarta-feira (14).
Josinaldo foi detido no Fórum de Timbaúba, durante uma audiência de instrução do processo. Ele está sendo investigado por comandar uma organização criminosa para desvio de verbas num esquema de "rachadinha", que é quando funcionários repassam parte do salário para outras pessoas.
O esquema é caracterizado pela prática de corrupção envolvendo o repasse de parte dos salários de assessores para o parlamentar ou pessoas ligadas a ele a partir de um acordo pré-estabelecido ou como exigência para a função.
No mesmo esquema, são investigados o vereador Felipe Gomes Ferreira Lima (Cidadania), nove servidores da Câmara de Timbaúba e um empresário. A Justiça já havia liberado, em março, o bloqueio de até R$ 3 milhões em bens dos demais réus.
A prisão foi feita pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE) em parceria com o Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e o Departamento de Repressão ao Crime Organizado da Polícia Civil de Pernambuco (Draco).
Segundo o Ministério Público, a prisão preventiva foi aplicada em decorrência do descumprimento de uma medida cautelar anterior, que havia proibido Josinaldo de estabelecer contato com as testemunhas do processo.
Entenda o caso
De acordo com as investigações:
- O grupo criminoso desviou, entre 2019 e 2022, aproximadamente R$ 2,9 milhões da Câmara de Vereadores de Timbaúba;
- Josinaldo Barbosa nomeava servidores comissionados fantasmas, que não trabalhavam na Câmara;
- Funcionários-fantasmas sacavam os valores pagos mensalmente e repassavam integralmente;
- Com o apoio do tesoureiro da Câmara, Jessé de Andrade Queiroz, Josinaldo aprovou salários e horas extras para os envolvidos no esquema;
- Os servidores fantasmas ficavam com o pagamento referente a diárias de congressos como contrapartida.
Ao longo das investigações foi identificado que o vereador Felipe Gomes Ferreira Lima seria o responsável por cobrar os valores desviados. Os cartões de débito de alguns dos servidores ficavam em poder do vereador que repassava o dinheiro desviado em espécie para Josinaldo Barbosa.
O g1 buscou o contato dos advogados dos envolvidos no caso, mas não obteve êxito até o fim desta reportagem.