A investigação contra possível desvio de R$ 300 milhões em contratos de serviços públicos da Capital, que culminou com a Operação ‘Cascalhos de Areia’, a principio na prefeitura de Campo Grande, e depois também em mais dois municípios e no governo estadual, e que abrangia uma empresa, que também se ramificou em mais três empresas, agora já se aponta para um total de recebimentos, que podem ser irregulares e fraudulentos, na soma de R$ 844 milhões em dez anos.
O MPE-MS (Ministério Público Estadual) é autor da investigação para apurar os crimes de corrupção, peculato e fraude nas licitações nos contratos feitos com a prefeitura da Capital, bem como se verifica que em uma década, o esquema e valores chegaram nas prefeituras de Corumbá e Três Lagoas e no Governo do Estado.
De acordo com levantamento em ação do MPE, a partir da ‘Cascalhos de Areia’, deflagrada em 15 de junho , a maior empresa beneficiada, foi a primeira apontada e então única acusada, a AL dos Santos, construtora de André Luiz dos Santos, o André Patrola. Ele teria recebido R$ 391,6 milhões do poder público, considerando apenas os contratos firmados com os três municípios e a administração estadual na gestão de Reinaldo Azambuja (PSDB).
Corumbá teria firmado R$ 170,5 milhões em contratos, sendo R$ 92,4 milhões já encerrados e R$ 78 milhões em convênios ativos. O Governo estadual repassou R$ 165,6 milhões desde 2021. A maior parte foi repassada na gestão do atual prefeito, Marcelo Iunes (PSDB). Nos últimos dias, a gestão de Eduardo Riedel (PSDB), suspendeu os contratos com a empreiteira de André Patrola.
Menor repasse
O menor repasse foi feito pela Prefeitura da Capital, R$ 25 milhões, na gestão de Marquinhos Trad (PSD). O ex-prefeito, que vem sendo apontado como ‘amigo’ sócio de Patrola, afirmou que todo o processo licitatório seguiu os trâmites legais e não houve irregularidade.
Outras empresas
Conforme levantamentos, no que se refere as outras três empresas, a JR Comércio e Serviços teria recebido R$ 276,2 milhões das prefeituras de Três Lagoas (R$ 43,3 milhões) e de Campo Grande (R$ 232 milhões). A MS Brasil Comércio e Serviços recebeu R$ 135,8 milhões das prefeituras de Campo Grande e Três Lagoas.
O volume de recursos mostra que o grupo foi beneficiado por uma bolada quase bilionária ao longo dos últimos 10 anos em Mato Grosso do Sul. Dono oficial de uma das empresas, Adir Paulino Fernandes, contou à polícia que sobrevive de renda mensal de R$ 2,5 mil com a venda de queijos.
No entanto, ele foi o responsável pela assinatura do contrato com a Prefeitura de Três Lagoas, que renovou em fevereiro deste ano.
Os promotores Adriano Lobo Viana de Resende e Humberto Lapa Ferri investigam a suspeita de que alguns contratos eram simulados para desviar dinheiro público. Auditoria do GECOC (Grupo Especial de Combate à Corrupção) mostrou que alguns serviços para colocar cascalho na Capital não teriam nem sido executados.
O Enfoque MS vem acompanhando as apurações, e até momento, ao menos a imprensa, nenhum dos envolvidos se manifestou oficialmente até o momento sobre as investigações.
Links de matérias anteriores sobre assunto
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