atuação das equipes do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul, com auxílio da tecnologia, contribui na prevenção e controle dos incêndios florestais em todo o território estadual. No Pantanal, uma das áreas mais remotas e de difícil acesso terrestre, aéreo e mesmo fluvial, o trabalho dos bombeiros garantiu a extinção de dois grandes incêndios nas regiões do Nabileque e Salobra. Uma equipe permanece em combate na região do Paiaguás, em Corumbá próximo ao município de Coxim.
Para visualizar a área atingida pelo fogo no Nabileque, a equipe do CPA (Centro de Proteção Ambiental) realizou um voo para reconhecimento aéreo do local e também pousou em uma das fazendas próximas do incêndio, nesta quarta-feira (6).
“O incêndio foi detectado pelos satélites do geomonitoramento que é feito todos os dias no território sul-mato-grossense. Levantamos os pontos de calor e analisamos a progressão deles. Algumas vezes, antes do fazendeiro observar o incêndio na propriedade, a gente consegue detectar no CPA. O Pantanal tem algumas particularidades, a área é muito remota, são poucos acessos e a vizinhança fica a quilômetros de distância. A gente detecta o incêndio e o mais rapidamente possível enviamos as equipes para o controle, evitando a propagação”, explicou a tenente-coronel Tatiane Inoue, chefe do CPA, que funciona em Campo Grande.
O capitão Hamad Ale Aziz Pereira, que comandou a operação no Nabileque, relatou as dificuldades para chegar ao local do incêndio. A equipe saiu de Campo Grande no dia 30 de agosto, e demorou um dia para chegar na área em chamas. O fogo, que atingiu uma área de aproximadamente 10 mil hectares, só foi controlado oito dias depois. “Andamos 200 km em estrada de chão, após a saída da BR-262. No local foi realizado resfriamento, abafamento, utilizamos máquinas dos fazendeiros. O sol estava muito quente, com temperaturas elevadas, e ventos a mais de 40 km/hora. Além do local ser de difícil acesso, com falta de água para o combate e o que dificultou bastante foi a questão da locomoção das viaturas. Foram muitos quilômetros andando a pé com bombas costais, equipamentos”.
O cabo David Alex Mota é piloto de drone e confirma que o emprego de equipamentos de tecnologia contribui para a prevenção e também de forma direta nas ações de combate a incêndios. “O Corpo de Bombeiros evoluiu na questão, antigamente a gente vinha com carro e abafador. Com os drones a gente consegue ver o incêndio por completo, todas as partes dele e atua de forma mais eficiente para ver onde acatar e a melhor estratégia. O drone é uma ferramenta excelente e o kit pickup (para captação de água no local do combate) também, que ajuda a resfriar no combate, além do soprador e equipamentos novos que dão eficiência muito maior”.
Nos oito dias de missão, 15 bombeiros atuaram no combate, com o trabalho concentrado no início da manhã e período noturno, quando as temperaturas estavam mais amenas. Os equipamentos de tecnologia, foram fundamentais para garantir a segurança da equipe e também a efetividade na atuação. “A parte de tecnologia é primordial para realizamos o combate a noite. E a navegação, com certeza, a utilização do drone para segurança das equipes é importante. Por causa das altas temperaturas, o combate noturno tem muito efeito. Dois dias atrás estava quase 40°C e isso fica inviável para o bombeiro. Além disso, a área do incêndio era rodeada de carandás, que propagam o fogo de forma terrestre e área”, explicou o capitão Hamad.
Maria Inês Monteiro mora no pantanal há 10 anos e há um mês está na propriedade mais atingida pelo incêndio – que foi controlado. “O incêndio começou na região de onde vem mais o vento, que alastrou o fogo, e jogava a chama muito alta. Chegou até o campo, no piquete da fazenda. E aqui tem muito óleo, tem os carandás perto, e a gente passou esse medo. O carandá é seco em cima, as folhas espalham, tem um miolinho e quando pega chama em cima, ele guarda o fogo e pode alastrar de novo. Fiquei com muito medo, chegou muito perto, era fumaça, nevoeiro o tempo inteiro, mas agora tá calmo, acabou o vento”.
As altas temperaturas e o vento foram os principais, aliado ao local de difícil acesso, foram os principais obstáculos encontrados para o controle e extinção do incêndio. “Todo ano tem a temporada dos incêndios. O Pantanal é um bioma de difícil acesso e algumas regiões como Nabileque e Nhecolândia é mais difícil de realizar o combate. Dependendo dos horários os ventos têm maior velocidade e dependendo da região também. Nem toda região tem esse vento que tem aqui no Nabileque, que é mais plano, o vento dificulta muito o trabalho”, afirmou o sargento Ronaldo Cadário.