Luís Roberto Barroso, ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), assumiu a presidência da Corte nesta quinta-feira, 28, em cerimônia para cerca de 1,2 mil pessoas. Membro do tribunal desde 2013, quando foi indicado pela então presidente Dilma Rousseff (PT) para a vaga do ministro Ayres Britto (aposentado), o magistrado coleciona polêmicas no plenário da instância máxima do Judiciário brasileiro – e fora dele –, contradições públicas e relatorias de julgamentos históricos, como o piso nacional da enfermagem; proteção aos povos indígenas contra a invasão de suas terras; contra despejos e desocupações de pessoas durante a pandemia de Covid-19, além de defesas, enquanto advogado, pela pesquisa com células tronco embrionárias, a união entre pessoas do mesmo sexo e da proibição do nepotismo. Mestre pela Universidade de Yale, nos Estados Unidos, e pós-doutor pela Universidade de Harvard, Barroso também é professor na Universidade de Brasília e titular de direito constitucional na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), onde se graduou e fez doutorado. De 1981 a 2013, além de exercer a advocacia, também foi procurador do Estado do Rio de Janeiro. Pela opinião pública, é lembrado como um jurista de visões liberais, progressistas e também como um dos principais defensores da Lava Jato.
Além das competências profissionais e polêmicas, incluindo discussões acaloradas com Gilmar Mendes, o indulto a José Dirceu e frases emblemáticas como “perdeu, mané”, outros fatos sobre o novo presidente do Supremo chamam a atenção. Nascido em Vassouras, no interior do Rio de Janeiro, Barroso é filho de mãe judia e pai católico. Com a família, ele se mudou para a capital fluminense ainda na juventude, quando atuou na seleção carioca de vôlei. O jurista também é adepto da meditação, flamenguista, autor de mais de 20 livros e tem o número três como “ponto de equilibro”. Por isso, inclusive, semanalmente o ministro dá dicas culturais para o final de semana nas redes sociais: um livro, um filme e uma música. Entre as sugestões, a última, de 22 de setembro, indicava “O amor nos tempos do cólera”, de Gabriel García Márquez; “História antiga”, Raul Leoni; e “Eduardo e Mônica”, de Legião Urbana. Por vezes, como em 25 de agosto, trocou a poesia por um trecho bíblico. “Pensamento: ‘Pois nada há de oculto que não venha a ser revelado, e nada em segredo que não seja trazido à luz do dia’ (Marcos 4:22)”, escreveu o ministro, que é católico. Outras indicações já incluíram Fundo de Quintal, Só pra Contrariar, Roberto Carlos, Rita Lee, Paulinho da Viola, Paula Fernandes, Queen, Chitãozinho e Xororó, Buda e outros.
Ainda nas redes sociais, o ministro também compartilha outros temas, como um registro de seu encontro com o papa Francisco, em maio deste ano, quando fez uma palestra sobre Tributação e Novas Tecnologias" e encontro o líder da Igreja Católica “e grande humanista”, como definiu no X (antigo Twitter). No Instagram, por sua vez, ele relembrou a “infância feliz” com uma foto ao lado de Cazuza, no carnaval de 1965: “Meu conterrâneo e contemporâneo”. Outra “curiosidade” sobre Luís Roberto Barroso é o contato que o presidente do STF teve com o médium João de Deus – atualmente preso por assédio sexual. Em 2012, antes de ser indicado por Dilma Rousseff, o ministro recebeu na sua casa, em Brasília, o então ministro Ayres Britto acompanhado do médium. Na ocasião, Barroso havia havia sido diagnosticado com câncer no esôfago com prognóstico “muito ruim”: um ano de vida ou pouco menos. Assim, o atual ministro iniciou o tratamento médico, com quimioterapia, homeopatia, fitoterapia e acupuntura, passou por um psiquiatra e foi ao templo de João de Deus, em Abadiânia, em Goiás, por diversas vezes. "Acho, sinceramente, que as pessoas a quem ele fez bem devem ser agradecidas. Foram muitas, eu vi. E, naturalmente, as pessoas a quem ele possa ter feito mal, essas têm o direito à justiça”, afirmou, em entrevista para o livro "João de Deus — O Abuso da Fé".