Foi marcada para o dia 22 de fevereiro a audiĂȘncia de instrução do tenente-coronel Jose Roberto Nobres de Souza, rĂ©u por peculato e falsidade ideológica, depois de utilizar uma viatura descaracterizada para fins particulares. A audiĂȘncia deverĂĄ acontecer por videoconferĂȘncia.
Em setembro do ano passado, a reportagem do Jornal Midiamax apurou que essa mesma viatura teria sido utilizada por policiais durante o ataque ao jornalista Sandro de Almeida, ocorrido no dia 2 de junho de 2023.
Segundo a denĂșncia, o tenente-coronel desviou bem móvel, pĂșblico que tinha posse em razão da sua função de Comandante do 8Âș Batalhão de PolĂcia Militar entre setembro de 2020 a setembro de 2021 em Nova Andradina. Ele teria feito o uso de viatura policial para uso em atividades particulares, conforme acusação que chegou a ser levada para a corregedoria.
Conforme o MinistĂ©rio PĂșblico, JosĂ© Roberto recebeu uma viatura descaracterizada modelo Triton e desde então passou a utilizĂĄ-la para fins pessoais, e realizava o abastecimento da mesma com o cartão da rede Taurus ou determinada que um subordinado realizasse o abastecimento, ou seja, desviava o combustĂvel fornecido pelo Estado para a viatura em serviço e utilizava para fins particulares em proveito próprio.
Quando foi instaurado o inquérito em setembro de 2021, o réu deixou de utilizar a viatura.
Consta ainda que, quando usava a viatura, foram registradas diversas multas por excesso de velocidade nas rodovias do Estado. Ainda, para conseguir o cancelamento das multas junto à PRF (PolĂcia RodoviĂĄria Federal) subscreveu um ofĂcio ao superintendente da PRF solicitando o cancelamento de 9 autuações, sob a justificativa de que a viatura estava empenhada na Operação Hórus, que combate crimes transfronteiriços "contribuindo assim com grandes apreensões em nossa região".
As informações lançadas no ofĂcio são falsas, pois a viatura em questão não foi utilizada na operação em nenhuma ocasião.
Quatro dias depois fez outra solicitação de cancelamento de outras 7 autuações sob a mesma justificativa falsa.
Ele foi denunciado por peculato-desvio e continuidade delitiva, por duas vezes.
No dia 28 de dezembro comando da PolĂcia Militar de Mato Grosso do Sul publicou a transferĂȘncia de 49 oficiais que irão desempenhar novas funções na corporação. Entre os oficiais transferidos estĂĄ o tenente-coronel. Ele atuava na Ajudância-Geral no Comando Geral em Campo Grande, passou a atuar na Diretoria de Gestão, Patrimônio e LogĂstica, tambĂ©m em Campo Grande.
O tenente-coronel tambĂ©m Ă© investigado por denĂșncia de assĂ©dio sexual contra uma colega de farda em Nova Andradina. Informações apuradas pela reportagem do Midiamax relatam que o crime teria ocorrido dentro do gabinete do tenente-coronel, no inĂcio de dezembro de 2022, durante uma confraternização entre os militares.
Apesar da denĂșncia ter sido arquivada pela PolĂcia Militar de Mato Grosso do Sul, com base em anĂĄlises da Corregedoria da PM, o MPMS discordou da decisão e determinou a abertura de procedimento investigativo.
"Em relação à denĂșncia de assĂ©dio, isso jĂĄ foi alvo de apuração militar e jĂĄ foi esclarecido deveras vezes. Infelizmente existem pessoas com ideais e vontades não muito republicanas e com interesse em disseminar informações falsas", justificou o oficial da PM, ressaltando que as investigações, uma vez que a PolĂcia Militar "jĂĄ tinha apurado isso hĂĄ seis meses atrĂĄs", explicou o tenente-coronel ao Jornal Midiamax.
Segundo ele, a denĂșncia foi refeita. "Nesse inquĂ©rito todos que supostamente estavam envolvidos jĂĄ foram ouvidos. Inclusive a maioria nem sabia dos fatos. E aqueles que sabiam negaram. Inclusive a suposta vĂtima disse que jamais isso aconteceu. Foi simplesmente uma denĂșncia vazia, com o viĂ©s de perturbar e de causar instabilidade no comando", explicou o tenente-coronel.
Sandro disse que estava dirigindo para retornar para sua casa, quando dois veĂculos descaracterizados, um Renault Sandero e uma caminhonete L-200, com dois homens em cada um, teriam começado a persegui-lo.
Segundo ele, em nenhum momento os ocupantes dos carros se identificaram como policiais militares ou tinham qualquer identificação visual, alĂ©m de não estarem fardados. O jornalista afirmou que, só depois, tomou conhecimento de que seriam policiais militares lotados na cidade de Nova Andradina. À polĂcia na delegacia, ele disse ter sofrido abuso de autoridade, jĂĄ que não havia mandado de prisão contra ele.
O jornalista fala que foi agarrado, agredido e impedido pelos quatro supostos policiais a entrar em sua casa. Ele afirmou que, temendo por sua vida, seguia atĂ© a frente de sua residĂȘncia, onde possui câmeras de segurança. No vĂdeo Ă© possĂvel ver o momento em que os homens vistoriam o carro da vĂtima. Ele disse ter sido jogado no chão e imobilizado com um golpe de mata leão.
Sandro ainda afirmou que acredita que houve crime de tortura contra ele para que dissesse que era o responsĂĄvel pelas faixas e fogos. O caso foi registrado como "constranger o preso mediante violĂȘncia a produzir prova contra si mesmo" e "submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não autorizado em lei".