O número indica um aumento de quase 11 vezes em relação aos 99 casos de 2022. Os dados incluem notificações feita por equipamentos de saúde públicos e privados da cidade.
As informações são da Covisa (Coordenadoria de Vigilância em Saúde), órgão da Secretaria Municipal da Saúde. Em nota, a gestão Ricardo Nunes (MDB) afirmou os casos suspeitos e os óbitos são de notificação compulsória e foram registrados no Sinan (Sistema de Informação de Agravos de Notificação).
O órgão afirmou que todas as notificações ainda estão sob investigação -nenhum deles foi confirmado ainda.
O número de drogas K apreendidas no ano passado também registrou um aumento no estado de São Paulo. Em 2022, foram apreendidos 11, 6 kg pela Polícia Civil por meio do Denarc (Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico). Já em 2023, o número subiu para 133,6 kg.
Reportagem da Folha de S.Paulo publicada em novembro de 2023 já apontava o crescimento do uso da droga. Umas das principais dificuldades em combater o consumo está exatamente no fato que não se sabe exatamente como essas drogas são feitas, já que elas em geral são criadas a partir de uma mistura de substâncias.
Análises realizadas pela Polícia Científica de São Paulo apontaram que as chamadas drogas K consumidas na capital paulista costumam conter ao menos um entre 19 tipos de substâncias entorpecentes, que são misturadas a chás, ervas e temperos -principalmente erva-doce e camomila.
ENTENDA AS DROGAS K
O que são?
É a forma popular como ficaram conhecidos os canabinoides sintéticos, criados para estudos farmacológicos que buscavam entender o sistema endocanabinoide e o próprio mecanismo de ação no cérebro do THC, princípio psicoativo da maconha. Pesquisadores e a indústria farmacêutica buscam análogos sintéticos ao THC desde 1960, principalmente, para desenvolver novos analgésicos.
Do que são feitas?
No formato mais consumido, é dissolvido em acetona ou etanol é borrifado em ervas para imitar o aspecto de folhas secas de maconha. Além disso, várias outras substâncias, como conservantes e drogas ansiolíticas e estimulantes, podem estar presentes.
Por que não se trata de 'maconha sintética'?
A maconha é derivada da planta Cannabis sativa que produz os fitocanabinoides, entre eles, o THC e o canabidiol (CBD). As drogas K são produzidas a partir de canabinoides sintéticos e atuam nos mesmos receptores que a substância psicoativa THC.
Quais os efeitos?
Usuários relatam estado de torpor imediato e muitos dizem "apagar" após o consumo. Os efeitos já observados no organismo são: psicose, paranoia, alucinação, alteração de humor com irritabilidade, agressividade, desorientação, ansiedade, ataques de pânico, tremores, espasmos musculares e convulsão, transpiração intensa, queimação nos olhos, perda de percepção de tempo, sedação, dor no peito, taquicardia, bradicardia, hipertensão, hiperventilação, dormência e formigamento, náuseas, vômitos, ressecamento da boca, entre outros. Muitos dos sintomas da intoxicação aguda tendem a desaparecer duas horas após o consumo da droga e pouco se sabe ainda sobre os sintomas mais persistentes.
A droga causa dependência?
Sim, as drogas K podem causar tolerância, sendo necessárias doses cada vez mais elevadas para obter o efeito psicoativo, e, com isso, há aumento de chances de desenvolvimento de dependência.Fontes: biomédico Eric Barioni e Sociedade Brasileira de Toxicologia