Segundo a concessionária, até o momento 15 mil endereços continuam sem energia elétrica. O fornecimento foi restabelecido para 60% dos 38 mil clientes afetados desde segunda-feira (18), quando a interrupção começou.
A Enel afirmou que houve uma nova ocorrência em um dos circuitos da rede de distribuição subterrânea que atende os bairros citados e, por isso, fez um desligamento preventivo.
Ainda durante a manhã, quando completaram 48 horas do apagão, diversos endereços continuavam sem energia elétrica e começaram a sofrer com desabastecimento de água.
A FESPSP (Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo), que fica na rua General Jardim, na Vila Buarque, afirmou que desde segunda teve de remanejar as aulas presenciais para o on-line, além de fechar todo o atendimento aos estudantes, como secretaria, biblioteca e laboratório de informática.
"Hoje cedo voltou em partes [a energia], mas oscila, ainda não conseguimos ligar parte dos aparelhos da instituição. Em resumo, hoje é o terceiro dia seguido que não conseguimos ter aulas presenciais. Vamos ter que passar o noturno para on-line hoje de novo, pelo terceiro dia seguido. Não dá pra confiar", afirmou a instituição.
Bruno Eliezer, que mora e tem uma livraria na rua Aureliano Coutinho, também na Vila Buarque, disse que o prédio onde vive continua sem energia.
"A luz que tinha acabou de novo. Estamos sem água. Está bem difícil, e só cheiro de diesel queimado. Tem cinco geradores na rua", afirmou.
O profissional de marketing e comunicação Fernando Busian, que também mora na Aureliano Coutinho, disse que continua sem energia em seu apartamento pelo terceiro dia seguido.
"Trabalho em casa e estou sem energia há três dias. Na segunda, deram vários prazos que não foram cumpridos. Ontem, depois das 9h, pararam de dar previsão", contou Busian.
Para piorar, agora começou a faltar água no prédio onde mora.
"Ontem acabou a água também. A gente estava descendo para pegar balde, mas agora nem isso. Vou para a casa de um amigo. Moro há oito anos aqui e nunca faltou luz, local com infraestrutura boa. Eu sabia que o serviço da Enel era ruim, mas viver isso é assustador", afirmou.
Carolina Dantas, 33, que mora na rua Major Sertório, na Vila Buarque, reclama da situação.
Ela já estava com a eletricidade normalizada em seu apartamento desde a terça de manhã, mas passou a ter intermitência nesta quarta.
"Eu trabalho de casa e estou vendo que o problema não está resolvido. Se está indo e voltando significa que não arrumaram de fato. A gente não consegue se organizar. Não sei se preciso ir para um hotel para poder trabalhar. Não sei se vai ficar sem energia 1 hora ou um dia", apontou.
Na rua Canuto do Val, em um prédio onde moram pessoas idosas, a falta de energia traz ainda mais desafios. O prédio está sem eletricidade desde segunda e, em consequência, as bombas não funcionam para mandar água para a caixa.
"Aqui está um caos. É o tempo todo o pessoal descendo e subindo as escadas com balde. Tem uma senhora de quase 90 anos, que teve fratura no fêmur recentemente, e tendo que passar por isso", disse o zelador José Aparecido de Oliveira, 64.
Ele trabalha e mora no prédio há 24 anos e disse que nunca passou por situação parecida.
"Nunca vi nada parecido com isso aqui. Já aconteceu de cair a força, mas voltava rapidinho. Não é só a gente, a região toda está assim. Estamos jogados, abandonados" afirmou.
A Enel afirmou na noite desta terça que normalizou o fornecimento de energia para todos os clientes que tiveram o serviço afetado na segunda-feira, em razão de danos "provocados por terceiros" na sua rede subterrânea.
"Mas, durante o trabalho, identificaram um indicativo de nova falha, optando por desligar preventivamente um dos circuitos para realizar nova intervenção. Como a rede subterrânea permite uma maior flexibilidade de manobras de cargas, a companhia restabeleceu 60% desses clientes às 14h e segue trabalhando para normalizar o restante", afirmou.
A companhia deslocou mais geradores para a região.
A Sabesp respondeu que não há desabastecimento na região e que, devido à falta de energia, alguns prédios não conseguem bombear a água para a caixa d'água.