Conforme tinha prometido no dia 11 de março, Ariel Henry, renunciou por meio de carta, nesta quinta-feira (25), ao cargo de primeiro-ministro do Haiti. “Agradeço ao povo haitiano pela oportunidade de servir ao nosso país com integridade, sabedoria e honra. O Haiti renascerá”, escreveu. A decisão deixou o caminho livre para que o Conselho Presidencial de Transição assumisse o governo. Eles vão ser os responsáveis por restaurar a ordem em um país abalado pela violência de gangues. “Senhoras e senhores, membros do Conselho de Transição, a cerimônia desta manhã confere-lhes oficialmente as rédeas do destino da nação e do seu povo”, declarou Michel Patrick Boisvert, nomeado primeiro-ministro interino enquanto se aguarda a formação de um novo governo.
A nomeação de outro primeiro-ministro será uma das primeiras tarefas do Conselho, composto por oito homens e uma mulher que representam os principais partidos políticos, a sociedade civil e o setor privado. O Conselho, formado após semanas de duras negociações políticas, será responsável por liderar o país para suas primeiras eleições gerais desde 2016, e deverá entregar o poder a um governo eleito o mais tardar em 6 de fevereiro de 2026. Seus nove membros prestaram juramento pela manhã no Palácio Nacional do Haiti e depois foram empossados no gabinete do primeiro-ministro, conhecido como Villa d’Accueil, em Porto Príncipe.
O país caribenho sofre uma explosão de violência desde o final de fevereiro, quando poderosas gangues lançaram ataques contra delegacias, prisões, sedes oficiais e o aeroporto de Porto Príncipe em uma queda de braço com o controverso Henry. Estas gangues, que controlam mais de 80% da capital, cometem inúmeros abusos, como assassinatos, estupros, saques e sequestros. Vários de seus membros atiraram rajadas de armas automáticas nesta quinta no centro de Porto Príncipe, coincidindo com a posse, segundo moradores. A ameaça das gangues levou as autoridades a mobilizarem um grande contingente de policiais e soldados no gabinete do primeiro-ministro e em seus arredores para garantir a segurança do ato político. Participaram da cerimônia cerca de cem pessoas, incluindo vários membros do governo em fim de mandato, do corpo diplomático, líderes políticos e a representante do secretário-geral da ONU para o Haiti, María Isabel Salvador.
*Com informações da AFP