Medida Provisório foi assinada, nesta sexta-feira (12). Fogo já consumiu mais de 770 mil hectares do bioma, que arde em chamas de forma mais intensa desde o começo de junho deste ano. Fotógrafo Araquém Alcântara registrou destruição causada pelo fogo no Pantanal.
Araquém Alcântara
O governo federal liberou crédito extraordinário de R$ 137 milhões para uso no combate aos incêndios florestais no Pantanal. O montante foi autorizado por meio de uma Medida Provisória (MP) assinada pelo presidente Lula (PT) nesta sexta-feira (12). Neste ano, o fogo consumiu mais de 770 mil hectares do bioma, deixando um rastro de destruição e morte no território pantaneiro.
Desde o início de junho deste ano, o Pantanal sofre de forma mais intensa com o fogo. As mudanças climáticas e a seca severa que afetam a região do bioma fizeram com que a temporada de chamas fosse antecipada e os incêndios se intensificassem ainda no 1º semestre de 2024.
A MP prevê que o dinheiro seja investido por meio dos ministérios do Meio Ambiente e Mudança do Clima, da Justiça e Segurança Pública e da Defesa em ações de prevenção e combate aos incêndios no Pantanal.
A pasta de responsabilidade da ministra Marina Silva deve receber R$ 72,3 milhões, recurso que será direcionado para o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) (R$ 38,1 milhões) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) (R$ 34,1 milhões).
Conforme o texto da MP, o crédito tem que ser usado na contratação de brigadistas, aquisição de equipamentos de proteção individual e combate, pagamento de despesas de diárias e passagens e locação de meios de transporte.
O ministério da Justiça e Segurança Pública vai receber R$ 5,7 milhões. Do total, R$ 3,7 milhões serão destinados à Polícia Federal e o restante para o Fundo Nacional de Segurança Pública. O dinheiro poderá ser aplicado na manutenção e abastecimento de viaturas, helicópteros, aviões e deslocamento de pessoal.
As Forças Armadas vão receber R$ 59,7 milhões. O recurso custeará aquisições de bens de consumo e de investimento, além da contratação de serviços e outras necessidades logísticas e operacionais na região.
Segundo comunicado do governo federal, mais de 800 funcionários vinculados à União estão em campo na região.
Fogo no Pantanal
Governo de Mato Grosso do Sul diz que não há focos de incêndio no Pantanal
Nessa quinta-feira (11), o governo do estado chegou a anunciar que os focos de incêndio haviam zerado. Entretanto, novos pontos de calor surgiram nesta sexta e são controlados pelos brigadistas.
Mesmo zerando o número de incêndios florestais, o PrevFogo só irá declarar "fogo extinto" após as temperaturas voltarem a subir.
Mesmo com poucos incêndios, que é a maior concentração de fogo, o monitoramento por todo o bioma segue por meio dos brigadistas do PrevFogo, Corpo de Bombeiros, Exército e militares enviados pela Força Nacional.
"O satélite tem uma base de captura acima de 47ºC, então mesmo não havendo incêndios hoje no Pantanal sul-mato-grossense, a gente faz as atividades de monitoramento e rescaldo", explica a tenente-coronel Tatiane Inoue, diretora de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros Militar.
De janeiro até esta quinta, cerca de 6% de todo território do Pantanal foi consumido pelas chamas. Jacaré carbonizado, carcaças de animais expostas e o cinza tomou conta da vegetação que já foi verde. O retrato de destruição persiste, mesmo sem chamas.
Entre 1º de janeiro e 10 de julho deste ano, 3925 focos de incêndios foram registrados pelos satélites do Inpe. No mesmo período de 2020, pior ano em relação com as queimadas para o bioma, foram 2761 pontos de calor. A comparação mostra um aumento de 42%.
De acordo com a analista de Conservação do WWF-Brasil, Cíntia Santos, a temporada de fogo geralmente ocorre após o período de vazante, quando o bioma fica mais seco.
"O tempo de duração da temporada de fogo normalmente ocorre quando o período de cheia, que a gente chama de vazante, começa a escoar toda a água. E no período de vazante para seca, essa temporada do fogo ocorre, entre o final de junho a setembro", esclarece.
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