O tema foi debatido durante o 49º Congresso Brasileiro de Alergia e Imunologia, promovido pela Asbai (Associação Brasileira de Alergia e Imunologia), que começou nesta sexta-feira (18) e vai até domingo (20), em São Paulo.
Para Renato Kfouri, infectologista e diretor da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), novas variantes não significam novas ondas de Covid.
"O vírus passa por mutações toda hora e, não necessariamente, essas novas que vão aparecendo serão protagonistas, ou seja, vão ganhar a 'competitividade ecológica'", explica o médico, que estava no evento.
Kfouri esclarece que, caso ela ganhe o protagonismo, virando uma variante de preocupação, também não quer dizer que ela vai causar uma nova onda da doença -como vimos em janeiro deste ano com a ômicron, por exemplo, e brevemente em julho e agosto.
"O surgimento de ondas não depende apenas de uma nova variante. Elas dependem dos índices de vacinação da população e, consequentemente, da imunidade das pessoas, além do tempo em que ocorreu a última onda", afirma. "A gente sempre vai ter mais variante do que ondas de Covid."
Para ele, as últimas ondas no Brasil ainda são recentes. Por isso, o especialista afirma que não há motivo para pânico após a morte de uma pessoa pela subvariante BQ.1. "Todos os casos e mortes, em breve, serão apenas por essa subvariante. É natural uma ir substituindo a outra, não é que ela é mais agressiva", diz.
Por isso, reforça o infectologista, é fundamental que as pessoas completem o esquema vacinal, com pelo menos 3 doses do imunizante contra Covid.
"Os casos estão mesmo aumentando, mas, de novo, quem vai sofrer são as pessoas que não tomaram vacina", diz. "Também estamos muito atrasados na compra de medicamentos que ajudam no tratamento da Covid."
MAIOR PODER DE ESCAPE
A subvariante BQ.1 contém mutações genéticas na proteína de superfície spike que dificultam o reconhecimento e a neutralização do vírus pelo sistema imunológico. Isso faz com que as pessoas se infectem com mais facilidade, apesar da imunidade gerada pela vacina e por infecções anteriores.
Segundo a OMS, essas mutações teriam conferido uma vantagem à BQ.1 em comparação a outras sublinhagens e, por isso, ela está se espalhando com certa rapidez pelo mundo.
Com base no conhecimento disponível, a proteção gerada pelas vacinas (tanto as monovalentes quanto as bivalentes) pode ser reduzida, mas ainda não há dados epidemiológicos que sugiram um agravamento nos sintomas da doença. E lembrando que qualquer proteção é melhor que nenhuma.
COMO SE PROTEGER
Além da vacinação, os cuidados são os mesmos desde o começo da pandemia: uso de máscara, principalmente em locais fechados e com aglomeração (que devem ser evitadas), e higiene das mãos sempre que possível.
Além disso, grupos de pessoas com sistema imunológico comprometido devem redobrar os cuidados, como os idosos, indivíduos que passaram por transplante de órgão ou com HIV, por exemplo.