As queimadas na Amazônia e no Pantanal atingiram um nível alarmante em 2024. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), a quantidade de poluição gerada por esses incêndios em um único ano é equivalente a cinco anos de emissões da cidade de São Paulo. Esse dado é ainda mais preocupante quando se considera que o Brasil enfrenta seu maior pico de emissões de carbono relacionadas a queimadas desde 2005. Para colocar em perspectiva, São Paulo, a maior metrópole do Brasil, gera uma quantidade imensa de poluição devido à sua frota de veículos, indústrias e outros fatores urbanos. Agora, imagine concentrar essa poluição de cinco anos em apenas 12 meses, mas espalhada por regiões sensíveis e essenciais para o equilíbrio ambiental global, como a Amazônia e o Pantanal.
Os impactos dessas emissões são enormes. Estudos publicados na Nature Communications indicam que a fumaça das queimadas não afeta apenas as áreas próximas, mas pode ser transportada por longas distâncias, alcançando outras regiões do Brasil e até mesmo países vizinhos. Além disso, as partículas finas presentes na fumaça, conhecidas como PM2.5, estão diretamente ligadas ao aumento de problemas respiratórios, cardiovasculares e à mortalidade precoce. Em termos climáticos, a situação é igualmente grave. As florestas tropicais desempenham um papel importante na regulação do clima global e atuam como sumidouros de carbono. Quando essas florestas queimam, o carbono armazenado nas árvores é liberado na atmosfera, o que aumenta o efeito estufa. A revista Science destaca que as emissões provenientes dessas queimadas contribuem significativamente para o aquecimento global, criando um ciclo vicioso onde o clima mais quente favorece ainda mais os incêndios. Se compararmos com outros desastres ambientais, a situação no Brasil é uma das mais críticas do mundo. As queimadas na Amazônia, em termos de emissões de carbono, superam as emissões anuais de muitos países industrializados. E isso ocorre num momento em que a comunidade internacional pressiona por medidas mais rigorosas de combate à mudança climática. A solução para esse cenário passa por uma combinação de fatores: políticas públicas eficazes, fiscalização rigorosa, conscientização da população e, sobretudo, uma mudança no modelo de desenvolvimento que considere a preservação ambiental como prioridade.