A falta de vagas nas Emeis (Escolas Municipais de Educação Infantil) é um problema que perdura há anos em Campo Grande. Em 2024, milhares de crianças ficaram de fora, atrasando a educação e fazendo os pais buscarem alternativas para suprir essa necessidade. Com isso, surgiu a ONG (Organização Não Governamental) Instituto Sementes do Amanhecer no Bairro Vida Nova, para atender a região. No entanto, apesar da proposta "salvar", revolta saber que a 700 metros do local tem uma obra inacabada que atenderia cerca de 200 alunos.
"A gente fica muito feliz ao ver um projeto social que dá certo, mas gera certa indignação quando, a poucos metros, tem uma obra abandonada. O local poderia receber mais de 200 crianças, que deveriam ser cuidadas pelo poder público municipal", destaca Beto Pereira candidato a prefeito da Capital.
Nesta semana, Beto visitou o Instituto Sementes do Amanhecer, projeto social que atende 180 crianças, com idades de 6 meses a 12 anos, no bairro Vida Nova. O local começou com uma sala de reforço, mas com o aumento da demanda se transformou numa escolinha. O objetivo é dar suporte às mães da região, que contempla bairros como Nova Lima, Jardim Anache, Vida Nova 1, 2 e 3, Colúmbia, Tarsila do Amaral, Comunidade Indígena Água Bonita e outros.
No entanto, a boa ação não exime o município de também fazer a sua parte. "A gente vê que não tem uma preocupação com a política da educação infantil. É desperdício de dinheiro público e prejuízo para a sociedade porque isso era pra ser escola, repleta de crianças. A gente vê a marginalidade ocupando um espaço que era público", lamenta Beto.
Para as mães da região, a situação é revoltante. "Pagamos nossos impostos e o dinheiro foi gasto em uma construção que agora está destruída. As nossas crianças sem ter onde ficar e nós mães aqui, precisando trabalhar", desabafa Juscileide Oliveira, 36 anos. Mãe de 4 filhos, ela mora no bairro Anache há mais de 20 anos e recorda de quando não conseguiu uma vaga.
"Foi em 2021, quando minha caçula era bem pequena. Fui atrás, mas não consegui e esperei mais de um ano na fila". A negativa gerou uma mistura de insegurança e desamparo. "Desrespeito total, tristeza, pois muitas famílias precisam desse apoio", afirma ela, que complementa. "Nos sentimos prejudicadas. Como uma mãe que ganha um salário mínimo vai pagar uma escolinha particular, com valor mínimo de R$ 500,00, R$ 600,00 por mês?", questiona.
Já Fabiana Fontoura, 41 anos, teve que entrar com um processo na Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul para conseguir uma vaga mais próxima de sua casa. No entanto, mesmo assim, teve que esperar dois meses. "Foram 60 dias para conseguir uma transferência. Foi cansativo, tive gastos com passagens de ônibus porque precisava levar e buscar todos os dias".
Isso tudo aconteceu em 2019, quando sua filha caçula tinha apenas 5 anos. Na época, elas saíam do Vida Nova até o bairro Novos Estados. "Mudei toda minha rotina e, apesar de ser autônoma, me atrapalhou porque ficava presa naqueles horários", lembra. Enquanto ela fazia toda correria, a obra abandonada da Emei já existia no bairro, comenta Fabiana. "Destruída, virando abrigo de usuários de drogas. Um lugar que deveria acolher crianças para suas mães trabalharem, acolhe usuários".
Beto concorda e compartilha do sentimento de indignação dessas mães. "Tudo isso é revoltante", destaca. No entanto, afirma que a educação será prioridade na sua gestão. "Vamos zerar as vilas e todas essas obras inacabadas serão concluídas". Beto Pereira traz consigo um extenso currículo de gestão pública. Em seus dois mandatos como prefeito de Terenos (2004-2012), promoveu mudanças significativas em diversas áreas, o que consolidou sua reputação como gestor eficiente.
Agora, em sua candidatura à Prefeitura de Campo Grande, ele vai ampliar o atendimento na Educação Infantil com qualidade, estabelecendo uma política clara e consistente voltada à primeira infância. O candidato conta com o apoio de lideranças políticas de peso no Mato Grosso do Sul, como o governador Eduardo Riedel, os ex-governadores Reinaldo Azambuja e André Puccinelli, além do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).