"A notĂcia de indiciamentos pela PF do ex-mandatĂĄrio e de integrantes do nĂșcleo de seu governo pela prĂĄtica dos crimes de abolição violenta do Estado democrĂĄtico de Direito, golpe de Estado e organização criminosa oferece ao paĂs a possibilidade de concretizar uma reação eficaz aos ataques à nossa democracia, conquista valiosa e indelĂ©vel do povo brasileiro", disse Messias.
No inĂcio da tarde desta quinta, a PF confirmou o envio ao Supremo Tribunal Federal (STF) do relatório final da investigação. AlĂ©m de Bolsonaro, entre os indiciados pelos crimes de abolição violenta do Estado DemocrĂĄtico de Direito, golpe de Estado e organização criminosa estão o ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos; o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da AgĂȘncia Brasileira de Informações (Abin); o ex-ministro da Justiça Anderson Torres; o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno; o tenente-coronel do ExĂ©rcito Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; o presidente do PL, Valdemar Costa Neto; e o ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, Walter Souza Braga Netto.
"A gente vĂȘ com absoluta perplexidade e indignação as informações que foram relevadas pelo inquĂ©rito, onde a gente encontra o próprio ex-presidente da RepĂșblica no topo da cadeia de comando da organização criminosa, generais, coronĂ©is, servidores pĂșblicos do governo federal que faziam parte do nĂșcleo da campanha e do governo Bolsonaro. Tramando contra a democracia com uma audĂĄcia quase que inacreditĂĄvel, sem qualquer tipo de limite, ao ponto de tramarem contra a própria vida do presidente Lula, do vice-presidente Alckmin e do [ex] presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes. São crimes muito graves, são acusações muito sĂ©rias", afirmou o ministro da Secretaria de Comunicação Social da PresidĂȘncia da RepĂșblica (Secom), Paulo Pimenta.
JĂĄ o lĂder da oposição no Senado, RogĂ©rio Marinho (PL-RN), ex-ministro e aliado próximo de Bolsonaro, atribuiu os indiciamentos a narrativas construĂdas nos Ășltimos anos. Ele ainda pediu que a Procuradoria Geral da RepĂșblica (PGR) analise com cautela o inquĂ©rito da PF.
"Diante de todas as narrativas construĂdas ao longo dos Ășltimos anos, o indiciamento do presidente Jair Bolsonaro, do presidente Valdemar Costa Neto e de outras 35 pessoas, comunicado na presente data pela PolĂcia Federa,l não só era esperado como representa sequĂȘncia a processo de incessante perseguição polĂtica ao espectro polĂtico que representam. Espera-se que a Procuradoria-Geral da RepĂșblica, ao ser acionada pelo Supremo Tribunal Federal, possa cumprir com serenidade, independĂȘncia e imparcialidade sua missão institucional, debruçando-se efetivamente sobre provas concretas e afastando-se definitivamente de meras ilações", afirmou.
O senador ainda prosseguiu: "Ao reafirmar o compromisso com a manutenção do Estado de Direito, confiamos que o restabelecimento da verdade encerrarĂĄ longa sequĂȘncia de narrativas polĂticas desprovidas de suporte fĂĄtico, com o restabelecimento da normalidade institucional e o fortalecimento de nossa democracia."
A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, defendeu pena de prisão para os acusados de golpe de Estado. "O indiciamento de Jair Bolsonaro e sua quadrilha, instalada no Planalto, abre o caminho para que todos venham a pagar na Justiça pelos crimes que cometeram contra o Brasil e a democracia: tentar fraudar eleições, assassinar autoridades e instalar uma ditadura. Prisão Ă© o que merecem! Sem anistia!", postou.
Antes da entrega do relatório da PF, o presidente Lula comentou, durante um evento no PalĂĄcio do Planalto, os planos revelados pelos investigadores sobre a tentativa do seu assassinato [], em 2022, no contexto da preparação do golpe de Estado elaborado por militares e integrantes do governo anterior. "Eu tenho que agradecer, agora, muito mais porque eu estou vivo. A tentativa de me envenenar, eu e o [vice-presidente, Geraldo] Alckmin, não deu certo, nós estamos aqui", disse.
Após o indiciamento, o ex-presidente Jair Bolsonaro publicou em sua conta na rede social X trechos de sua entrevista ao portal de notĂcias Metrópoles, na qual ele critica o ministro Alexandre de Moraes, do STF, relator do caso, e informa que irĂĄ esperar o seu advogado para avaliar os próximos passos. O relatório da PF, que tem cerca de 800 pĂĄginas, estĂĄ sob sigilo e deverĂĄ ser remetido por Alexandre de Moraes à PGR nos próximos dias. CaberĂĄ justamente à Procuradoria-Geral da RepĂșblica avaliar se oferece denĂșncia contra os suspeitos ou se demanda mais investigações.