Médica do HU/UFMS fala sobre a Semana de Prevenção da Gravidez na Adolescência

Aginecologista e obstetra Tatiana Serra da Cruz, docente de residentes no Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (Humap-UFMS), vinculado à Rede Ebserh, destaca a importância da prevenção da gravidez na adolescência e as estratégias para reduzir os índices dessa realidade que impacta milhares de jovens.

Foto: Enfoque MS

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Aginecologista e obstetra Tatiana Serra da Cruz, docente de residentes no Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (Humap-UFMS), vinculado à Rede Ebserh, destaca a importância da prevenção da gravidez na adolescência e as estratégias para reduzir os índices dessa realidade que impacta milhares de jovens.

“A gravidez na adolescência é um problema de saúde pública que precisa ser discutido o ano todo. As ações preventivas são essenciais para garantir que os adolescentes tenham acesso à informação e aos serviços de saúde sexual e reprodutiva”, afirma a médica.

A Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência foi instituída pela Lei Federal nº 13.798, de 3 de janeiro de 2019, e incluída no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), visando disseminar informações sobre o tema para promover a conscientização e a redução da gestação precoce.

Segundo Tatiana Serra, a prevenção da gravidez na adolescência deve levar em conta aspectos biopsicossociais, considerando os fatores que influenciam a tomada de decisões dos jovens. “A informação clara e objetiva sobre sexualidade e contracepção é um dos pilares para evitar gestações indesejadas. Família, escola e serviços de saúde têm um papel fundamental nesse processo”, enfatiza.

Gravidez na adolescência: um problema de saúde pública

Apesar da redução nos índices ao longo dos anos, a gravidez na adolescência ainda preocupa especialistas. Dados recentes apontam que 12% das crianças nascidas em 2023 são filhas de adolescentes, totalizando 303.279 mães jovens. A ginecologista destaca que a vulnerabilidade socioeconômica é um dos fatores que mais influenciam essa estatística.

“Meninas com menor acesso à educação e aos serviços de saúde estão mais suscetíveis a uma gravidez precoce. Isso impacta suas vidas de forma significativa, comprometendo oportunidades de estudo, trabalho e autonomia financeira”, explica a especialista.

Consequências da gestação precoce

A médica ressalta os riscos e desafios enfrentados pelas jovens mães, que vão desde complicações médicas até impactos emocionais e sociais. Entre as principais consequências estão:

  • Maior risco de complicações na gravidez e no parto, como pré-eclâmpsia e parto prematuro;
  • Aumento da incidência de transtornos mentais, como depressão e ansiedade;
  • Maior probabilidade de evasão escolar e dificuldades financeiras;
  • Perpetuação do ciclo da pobreza, devido à falta de qualificação profissional;
  • Preconceito, discriminação e isolamento social.

Caminhos para a prevenção

A ginecologista reforça que a prevenção da gravidez na adolescência deve ser um esforço coletivo, envolvendo famílias, escolas, profissionais de saúde e o poder público. “Precisamos garantir que os jovens tenham acesso a serviços de saúde sexual e reprodutiva de qualidade, com orientação e acesso a métodos contraceptivos seguros e eficazes”, pontua Tatiana Serra.

A médica destaca ainda a importância do diálogo dentro das famílias e do suporte emocional aos adolescentes. “Pais e responsáveis precisam conversar com os jovens sobre sexualidade de forma aberta e honesta, sem tabus, para que eles se sintam seguros para tomar decisões informadas”, afirma.

As escolas também desempenham um papel crucial ao oferecer educação sexual e extracurricular motivadora. “A educação abre perspectivas de futuro, ajudando a adiar a iniciação sexual e prevenindo a gravidez precoce”, acrescenta a ginecologista.

O papel do poder público

Tatiana Serra ressalta que o governo deve investir em capacitação de profissionais da saúde e educação, criando espaços seguros e acessíveis para que adolescentes possam buscar informação e apoio. “Facilitar o acesso a métodos contraceptivos, desenvolver políticas públicas consistentes e criar ambientes receptivos são a base para avançarmos na redução da gravidez na adolescência”, conclui.

A prevenção da gravidez na adolescência é um desafio que exige um esforço conjunto de toda a sociedade. Com acesso à informação, suporte familiar, educação e políticas públicas eficazes, é possível reduzir esses índices e garantir um futuro mais promissor para os jovens.