Delegadas pedem para sair da Casa da Mulher após polêmicas no Caso Vanessa
As 12 delegadas que atuam na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) pediram para deixarem os postos, após polêmica envolvendo o atendimento e, posterior feminicídio da jornalista Vanessa Ricarte.
As 12 delegadas que atuam na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) pediram para deixarem os postos, após polêmica envolvendo o atendimento e, posterior feminicídio da jornalista Vanessa Ricarte.
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Durante a reunião, o secretário de Segurança Pública, Antônio Carlos Videira, confidenciou, durante reunião com deputados estaduais, que as 12 mulheres que atuam na delegacia entregaram suas funções.
Deputados estaduais realizaram uma reunião na manhã desta terça-feira para definirem mudanças que evitem novas tragédias por erros em procedimentos na segurança pública.
Uma das alternativas é utilizarem polícias nas intimações de medidas protetivas, já que os casos são muitos e os oficiais não dão conta de atender no prazo necessário.
Também ficou decidido que as escoltas serão obrigatórias após o registro de ocorrência. A secretaria ainda pretende criar um batalhão da Lei Maria da Penha para complementar o atendimento.
"Essa foi uma reunião com as instituições para tratar do sistema e dos processos como um todo. Claro que em apenas uma reunião não vamos conseguir resolver todo um contexto de problemas, questões culturais, de consciência, de educação e de segurança de uma sociedade, mas saímos com a necessidade de criação de protocolos e melhorias para daqui para frente", declarou o presidente da Assembleia Legislativa, Gerson Claro (PP).
A reunião foi realizada a pedido da Comissão Permanente de Segurança Pública e Defesa Social, presidida pelo deputado Coronel David (PL), que já comandou a Polícia Militar de Mato Grosso do Sul.
"Nós pensamos em fazer uma audiência pública, mas transformamos em reunião para que o Tribunal de Justiça, os órgãos de Defesa e Segurança e o Ministério Público viessem à Assembleia para mostrar o que pode ser aperfeiçoado. É importante deixar claro que o Mato Grosso do Sul já é um dos estados que estabeleceu várias condições para que a vítima possa procurar os órgãos e fazer a denúncia, mas é importante que a gente aperfeiçoe para evitar que novos casos como esse possam acontecer novamente. É triste, mas mesmo com todo esse sofrimento, que a Vanessa possa ser símbolo da mudança de conduta", pontuou Coronel David.
O deputado Paulo Duarte (PSB), membro da Comissão Permanente de Defesa dos Direitos da Mulher e Combate à Violência Doméstica e Familiar destacou que, mais do que melhorias em protocolos, é necessária a mudança social da sociedade patriarcal, em que homens machistas se sentem no direito do domínio sobre às mulheres.
"A começar pelos políticos, que não dão bons exemplos. Outra coisa é a briga ideológica. Ficamos sabendo que há escolas que recusam palestras sobre empoderamento feminino e combate ao machismo, alegando que isso é coisa de comunista. Isso tem que mudar", ressaltou.
O deputado Pedro Kemp (PT) salientou a necessidade da criação da Vara da Mulher, pois uma juíza disse que tem 7 mil processos em sua mão, o que é humanamente impossível atender.
"Pedimos mais concurso para policiais femininas, com cotas, para chamar delegadas. Isso foi discutido também. Lembrando que não é só na Capital, mas no interior. Esse fato lamentável serviu para mobilizar todos os Poderes para garantir mais proteção às mulheres. Cada Poder, dentro da sua competência vai dar o encaminhamento. A Assembleia vai discutir com a sociedade como melhorar e nascerão novos projetos de lei", concluiu.