Os dados da Fifa apontam que a Croácia esteve em campo por 434 minutos nesta Copa, considerando os acréscimos das quatro partidas feitas até agora e a prorrogação. O técnico do time europeu, Zlatko Dalic, não conseguiu poupar seu time na primeira fase, já que os croatas só se classificaram em sua terceira partida.
A minutagem geral do time principal do Brasil, levando em conta as duas primeiras partidas da fase de grupos e o duelo com a Coreia do Sul pelas oitavas, bateu 299 minutos. Se o técnico Tite não tivesse poupado o Brasil contra os camaroneses, a diferença seria de 30 minutos - a duração protocolar da prorrogação -, já que o jogo diante de Camarões teve, ao todo, 15 minutos de acréscimos.
O tempo de jogo nesta Copa do Mundo do Qatar está maior porque os árbitros receberam a orientação da comissão de arbitragem da Fifa de não economizarem nos acréscimos.
Para os jogadores do Brasil, foi importante guardar energias para as fases mais agudas da Copa atual. Mas é preciso ir além do tempo em campo para bater a Croácia.
"A distância da fase de grupos para oitavas é curta. Mas até sexta tem tempo hábil para recuperar. Esses 30 minutos de alguma forma podem nos favorecer, mas acho que não fará muita diferença. Temos que entrar com a mesma atitude de hoje [segunda-feira (5)], com coragem, mostrando futebol alegre e para frente, sem deixar lá atrás desguarnecido", avaliou o zagueiro e capitão do Brasil, Thiago Silva.
A análise do grupo comandado por Tite é que esse contexto de economia de pernas na primeira fase até colaborou para a construção do placar de 4 a 1 sobre a Coreia do Sul, na segunda-feira (5), pelas oitavas de final.
"Muita gente criticou o professor por poupar, mas muitos não entendem isso. É uma competição pesada e a gente mostrou essa intensidade alta de novo porque a gente foi poupado. Muitos criticam ele, agora é hora de elogiar um pouco", disse o atacante Richarlison, autor de um dos gols do Brasil diante dos coreanos.
Além disso, Alex Sandro conseguiu participar de parte das atividades com a seleção brasileira no treino de quarta-feira (7) em Doha, no Qatar. O lateral esquerdo se recupera de lesão muscular e deu mais um passo para ficar à disposição de Tite para as quartas de final da Copa do Mundo, na sexta-feira (9), às 12h (de Brasília), contra a Croácia.
CROÁCIA BUSCA REPETIR MÁGICA DE 2018
Thiago Silva reconhece que o possível cansaço da Croácia nas quartas de final não define o resultado da partida. "Talvez nos minutos finais isso pese um pouco. Mas é Copa do Mundo...", resumiu o zagueiro.
As duas seleções se enfrentarão na próxima sexta-feira (9), às 12h (de Brasília), por um lugar nas semifinais. Será o primeiro encontro entre eles no torneio desde a abertura de 2014, quando a seleção venceu por 3 a 1.
Quatro anos mais tarde, os croatas obtiveram seu maior resultado, o vice-campeonato mundial, na Rússia. Após múltiplas prorrogações, atingiram a final. "Se fosse preciso, jogaríamos mais uma agora", disse Ivan Perisic, logo após o estendido duelo das semifinais.
Afinal, era "Copa do Mundo". A mensagem era semelhante à apresentada agora por Thiago Silva. Ou seja, a motivação ligada à disputa do principal campeonato de futebol do planeta pode ajudar a superar o cansaço.
A Croácia chegou à decisão em 2018 jogando prorrogações em todas as partidas do mata-mata. A França não passou por isso nenhuma vez -e acabou sendo campeã, definindo o título nos 90 minutos, com uma vitória por 4 a 2.
Agora, no Qatar, os croatas voltaram a atuar 120 minutos nas oitavas. Derrubaram o Japão nos pênaltis, após empate por 1 a 1.
"Talvez esteja escrito no céu que a Croácia tem que vencer assim", afirmou o zagueiro Dejan Lovren.
O Brasil chegou às quartas com muito mais tranquilidade. Abriu quatro gols de vantagem sobre a Coreia do Sul ainda no primeiro tempo e pôde tirar o pé do acelerador no segundo. Na partida anterior, a última da fase de grupos, com a classificação assegurada antecipadamente, Tite escalou uma formação reserva.
A derrota por 1 a 0 para Camarões gerou críticas ao técnico, mas os titulares puderam descansar. "Ele entende muito de futebol. Sabe o que está fazendo", disse Richarlison.
Enquanto o Brasil poupava energia, a Croácia ia para uma partida de vida ou morte contra a Bélgica para se classificar no Grupo F.
Mesmo no segundo tempo das oitavas de final, o treinador brasileiro começou a substituir peças-chave do time. A principal delas, Neymar.
A Croácia tem o que já é uma tradição de sobreviver a prorrogações, mas possui uma base envelhecida. É a mesma que obteve o vice há quatro anos. Da equipe que enfrentou os japoneses na última segunda-feira (5), Lovren, 33, Modric, 37, Perisic, 33, Brozovic, 30, e Kramaric, 31, também atuaram na final em 2018.
"Somos 4 milhões de croatas. O que fizemos nos últimos anos é um milagre", afirmou o técnico Zlatko Dalic, comparando a população de seu país com os mais de 200 milhões brasileiros. "Somos como um bairro de uma cidade brasileira."
É um discurso de desafio porque a seleção não tem mostrado em 2022 o futebol de 2018. Apenas contra o Canadá se soltou em campo e goleou por 4 a 1. Teve estreia discreta e sem gols contra Marrocos e repetiu o placar com a Bélgica, em jogo que Lukaku perdeu três chances incríveis para marcar. Se o belga tivesse convertido uma, os croatas estariam eliminados.
As palavras de Dalic são mais de motivação, de lembrança do que aconteceu em 2018. E são para fazer os jogadores acreditarem que a superação pode se repetir em 2022.
"Os atletas não dão um passo para trás, refletem o espírito do povo croata. Superamos muita dor. Nunca subestime um croata. Quando fizer isso, vai lamentar. Nós lutamos até o fim", afirmou o treinador.
Estádio: Cidade da Educação, em Doha (Qatar)
Horário: Às 12h (de Brasília) desta sexta-feira (9)
Árbitro: Michael Oliver (ING)
Assistentes: Stuart Burt (ING) e Gary Beswick (ING)
VAR: Paulus van Boekel (HOL)
Transmissão: Globo, SporTV, Globoplay, Fifa+ e CazéTV (Twitch/YouTube)