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Explosão de casos de Covid na China atinge fábricas e afeta economia

Por Midia NAS em 23/12/2022 às 18:04:22
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Bloomberg/Pequim – O avanço de casos de Covid-19 na China, após as medidas de flexibilização anunciadas neste mês, já produz efeitos negativos para a atividade econômica, segundo as divulgações mais recentes de indicadores. Quase 37 milhões de pessoas no país podem ter sido infectadas em um único dia desta semana, de acordo com estimativas da principal autoridade de saúde do governo.

A China é a segunda maior economia do mundo, mas vem apresentando indicadores de atividade negativos ao longo do ano. Diversas instituições internacionais, como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI), já cortaram as previsões de crescimento para o país neste e no próximo ano.

Na terça-feira, o Banco Mundial reduziu a estimativa de crescimento do país asiático em 2022 para 2,7% contra os 2,8% projetados em setembro, diante do impacto da pandemia e da fragilidade do setor imobiliário na segunda maior economia do mundo. Em junho, a previsão da instituição era de 4,3%.

A instituição também reduziu a estimativa de crescimento do país para 2023, de 4,5%, em setembro, para 4,3%. A previsão chegou a ser de 8,1% em junho. As duas novas projeções estão abaixo da meta oficial chinesa de 5,5%, um crescimento que analistas consideram impossível.

Após o fim dos controles da política de Covid Zero, mais cidades foram atingidas por uma onda de casos na última semana, sobrecarregando hospitais. Isso tem dissuadido moradores de cidades como Pequim e Xangai de saírem de casa, apesar da orientação em alguns lugares para que funcionários voltem ao trabalho mesmo doentes.

Vários indicadores de mobilidade mostram queda, como congestionamento do tráfego nas principais cidades, uso do metrô e número de voos domésticos.

Nos últimos dias, o volume de passageiros no metrô despencou em cidades como Xangai, Guangzhou, Shenzhen, Xi"an e Nanjing, em meio ao aumento dos casos de Covid. Em Pequim, uma das primeiras cidades a enfrentar um novo surto, o uso do metrô se estabilizou e aumentou ligeiramente nos últimos quatro dias, embora ainda esteja cerca de 80% abaixo do nível do mesmo período de 2019.

Os níveis de congestionamento nas 15 maiores cidades estão 56% abaixo do patamar de janeiro de 2021, a referência usada em um índice compilado pela BloombergNEF com base nos dados de tráfego da Baidu. O número é pior do que a queda vista durante o lockdown em Xangai e outras cidades no segundo trimestre.

O indicador só foi mais baixo neste ano no início de fevereiro, durante o Ano Novo Lunar, quando fábricas e restaurantes fecharam e chineses de grandes metrópoles voltaram às cidades de origem.

— O salto das taxas de infecção da Covid-19 após a flexibilização das restrições de mobilidade ainda vai limitar a atividade econômica no período de dezembro a janeiro — disse o chefe de renda fixa para Ásia-Pacífico na M&G Investments, Guan Yi Low.

A economia pode enfrentar mais obstáculos e incertezas à medida que a Covid se espalha. Além disso, a falta de estatísticas confiáveis sobre casos e mortes dificulta saber quando o surto pode atingir o pico ou começar a diminuir.

No entanto, o economista-chefe da consultoria de dados MetroDataTech, Chen Qin, prevê que a atual onda de Covid atingirá o pico entre meados de dezembro e o fim de janeiro na maioria das cidades, com base em uma análise de pesquisas de palavras-chave online.

Atividade fabril menor

A atividade nas fábricas provavelmente também encolheu em dezembro, de acordo com o índice de gerentes de compras das indústrias emergentes (EPMI, na sigla em inglês), um indicador que antecede os PMI de manufatura oficiais e do Caixin.

O EPMI, com base em pesquisas de empresas em áreas como tecnologia verde e veículos de nova energia, caiu para 46,8 este mês, o nível mais baixo desde abril e abaixo da marca de 50 pontos, o que indica retração. Os subindicadores de compras, empregos e expectativas de negócios foram os que mais recuaram.

O impulso da confiança do consumidor com o fim da Covid Zero já desapareceu, e o otimismo tende a cair após a recuperação no início deste mês, segundo um levantamento diário da Morning Consult, dos EUA.

— A China enfrenta sérios riscos econômicos e de saúde no curto prazo. Muitos possíveis consumidores provavelmente ficarão em casa e renunciarão a certas atividades para evitar a exposição ao vírus — disse o analista econômico da Morning Consult, Jesse Wheeler.

Avatar "salva" cinemas

Salas de cinema e empresas cinematográficas foram atingidas por lockdowns e restrições relacionadas à Covid durante a pandemia, mas agora veem a primeira melhora significativa na receita com entradas desde o feriado de sete dias no início de outubro, apesar da onda de casos.

Graças à estreia de “Avatar: O Caminho da Água”, da Walt Disney, a média diária de bilheteria subiu para mais de 50 milhões de yuans (US$ 7,2 milhões) frente a 17 milhões de yuans há duas semanas, de acordo com dados da plataforma de ingressos online Maoyan Entertainment.

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