Já está em andamento no lado vizinho do rio Paraguai a dragagem de pontos críticos que impedem a livre navegação em seu curso e acabam atrapalhando as exportações sul-mato-grossenses por ali. O trabalho, iniciado na semana passada, foi comunicado pelo MOPC (Ministério de Obras Públicas e Comunicações) do Paraguai à Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação).
O trecho que passa por dragagem é o que separa o Paraguai da Argentina, em área conhecida como Vuelta Quese, no quilômetro 60 do rio. A previsão é que somente neste ponto o trabalho – executado e custeado pelos paraguaios – deve durar duas semanas.
No lado brasileiro, em especial o que banha o território sul-mato-grossense, também é necessário tal trabalho, mas as atividades esbarram em autorização do Ibama, responsável pelo licenciamento ambiental em todo o Brasil. O nível baixo das águas e o assoreamento têm dificultado o tráfego de embarcações.
Segundo fonte do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, haveria atualmente 29 embarcações paradas em pontos críticos do rio pela dificuldade de navegação. Mas esse número pode se elevar na medida em que o fluxo de transporte aumente a partir de fevereiro, com o início do escoamento da safra agrícola.
Estão previstas obras de dragagem em três pontos do rio Paraguai: o primeiro vai desde a confluência com o rio Paraná até o quilômetro 387, o segundo do quilômetro 387 até o 704, e o terceiro segue do quilômetro 704 até a confluência com o rio Apa, onde o rio passa a fazer divisa entre Brasil e Paraguai.
Nos três setores, estima-se que serão extraídos entre 1,5 milhão a 2 milhões de metros cúbicos de sedimentos.
"Toda vez que temos um ponto que interrompe a navegação, é preciso desconectar as barcaças, o rebocador passa com uma ou duas barcaças, para depois refazer a composição", frisa o secretário da Semadesc, Jaime Verruck.
"Portanto, tempo e custo de viagem aumentam, encarecendo o produto e reduzindo os ganhos do produtor", completa o titular da pasta. O trabalho deve durar um período de 36 meses para ser concretizado no lado brasileiro do rio.
A movimentação de cargas pela hidrovia do rio Paraguai, a partir dos portos de Mato Grosso do Sul – Corumbá, Ladário e Porto Murtinho – superou 4,2 milhões de toneladas no ano passado. O crescimento do transporte hidroviário foi de 36,94% de janeiro a outubro de 2022 em relação ao mesmo período de 2021, conforme dados do último levantamento da ANTAQ (Agência Nacional de Transportes Aquaviários).
Entre os produtos transportados o maior volume ficou com o minério de ferro, que totalizou 3,9 milhões de toneladas no período, seguido pela soja, que atingiu a marca de 300 mil toneladas, e pelo açúcar com 20 mil toneladas. Aparece na lista também o ferro e o aço, que somaram 10 mil toneladas transportadas.