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Lira destrava impasse e fecha 'blocão' com revezamento entre PT e PL por reeleição

Petistas queriam isolar partido de Bolsonaro, mas costura de Valdemar Costa Neto e resistĂȘncia do União Brasil foram empecilhos. Orçamento e comando da CCJ entram em negociação

Por Midia NAS em 28/01/2023 às 11:05:54
Lira conduziu negociação para evitar dissidências em bloco de apoio à sua candidatura na Câmara Pablo Valadares/Agência Câmara

Lira conduziu negociação para evitar dissidências em bloco de apoio à sua candidatura na Câmara Pablo Valadares/Agência Câmara

Favorito na disputa pela reeleição, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), chegou um acordo com as duas maiores bancadas —PT e PL — para a divisão de postos estratégicos na estrutura da Casa. Para que o acerto fosse possível, a sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro abriu mão do comando da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que deverĂĄ ser presidida por um petista. Em troca, o PL deve indicar um deputado da sigla como relator do Orçamento de 2024, de olho na possibilidade de enviar recursos para redutos de aliados em ano de eleições municipais.

O acordo deve possibilitar a reunião de todas as siglas aliadas de Lira em um único bloco, o que era a preferĂȘncia do presidente da Câmara, diminuindo a margem para atritos envolvendo sua reeleição. O PT chegou a iniciar um movimento para isolar o PL de um bloco governista.

— Estamos acertando a relatoria do Orçamento, e não vamos ter a CCJ, que fica para o ano que vem. Temos que fazer esses ajustes. A Câmara faz um bloco. Se eu ficar fora desse bloco mesmo com cem deputados, o bloco tem 350 e todas as escolhas na nossa frente – declarou o presidente do PL, Valdemar Costa Neto.

O PL, com 99 deputados, tem a preferĂȘncia nas demandas de cargos por ser o partido com a maior bancada. Valdemar costurou uma mudança de rota, porém, diante do movimento do PT. A estratégia petista ainda esbarrava também no União Brasil, terceiro maior partido da Câmara, que estĂĄ insatisfeito com a participação no governo Lula. Como mostrou O GLOBO na quinta-feira, o União Brasil havia aumentado sua pedida por cargos na mĂĄquina pública para aderir a um bloco governista na eleição da Câmara.

— SerĂĄ feito um acordo, não terĂĄ disputa. Esta ao menos é a linha do Lira e a nossa também — disse o líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu (PR), descartando a formação de um "blocão do governo" que contasse apenas com os partidos aliados ao PalĂĄcio do Planalto.

A ideia é que haja um revezamento e, em outros anos, o PL comande a CCJ, e o PT fique com a relatoria do Orçamento. O União Brasil também deve entrar na dança das cadeiras dos dois cargos nos próximos anos.

Troca na vice

Ao entrar em acordo com Lira, o PL também abriu mão de indicar a primeira vice-presidĂȘncia da Câmara, cadeira para a qual teria preferĂȘncia por ter a maior bancada. O deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), opositor de Lula e ligado ao pastor Silas Malafaia, era quem pleiteava o posto. Sóstenes, agora, deve ser escolhido para a segunda vice-presidĂȘncia, e a primeira vice estĂĄ prometida ao presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP).

O acordo foi feito visando o apoio do partido de Pereira a Rogério Marinho (PL-RN) na eleição para a presidĂȘncia do Senado.

De acordo com o líder do PT na Câmara, o partido ainda não discutiu nomes para comandar a CCJ. A comissão é importante porque trata da constitucionalidade dos projetos e propostas dos deputados e é parada obrigatória para grande parte das iniciativas legislativas. Um dos objetivos principais do partido de Lula era assumir a CCJ justamente para ter maior influĂȘncia sobre os projetos que entram na pauta da Câmara.

O PT quer ainda indicar o comando da Comissão de Educação, e o PL visa a Comissão de Finanças e Tributação. O desenho final das comissões deve ser definido por Lira até o final de fevereiro.

O PT estĂĄ sem espaço relevante na Câmara desde 2015. O partido de Lula nunca comandou nenhuma comissão relevante nas gestões de Eduardo Cunha, Rodrigo Maia e no primeiro mandato de Lira na Casa.

Em entrevista à fundação Perseu Abramo, Zeca Dirceu disse que a eleição para o comando da Câmara não é o momento de "sair bem na foto" e "criar um enfrentamento para daí ter uma notícia positiva" por breve período.

— E o PT errou muito ao longo dos últimos tempos, porque, com uma ou outra exceção, na maior parte das vezes, quis fazer luta política e abriu mão de ocupar os espaços que, proporcionalmente, cabem ao PT. Agora, nós estamos fazendo diferente — declarou Dirceu.

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