O professor de futebol que foi denunciado pelo estupro de um adolescente na cidade de Muritiba, no Recôncavo Baiano, é árbitro esportivo há mais de 15 anos. Ele também tem uma escolinha de futebol em Feira de Santana. Nesta terça-feira (31), ele ainda não se apresentou à polícia.
O nome do investigado ainda não foi divulgado. A Liga Feirense de Desportos, onde ele é membro, o afastou das atividades. A defesa do professor negou que houve estupro e afirmou que as relações sexuais com os adolescentes foram "consensuais".
Dois meninos foram vítimas do professor, sendo que um dos casos é investigado pela Polícia Civil como estupro. No caso do segundo adolescente, a polícia informou que ele também prestará depoimento, mas não detalhou se ocorreu o abuso sexual.
Antes de denunciar um professor de futebol em delegacia, o adolescente chegou a mandar uma mensagem para o pai, através das redes sociais, com um pedido de socorro. Veja mensagem abaixo:
Vítima pediu ajuda ao pai após assédio de professor de futebol — Foto: Arquivo pessoal
A defesa do investigado por estupro sustenta que depois de ter "feito sexo" com o professor, os adolescentes pediram ao homem que os encaminhassem para o time de base, o que ele teria negado porque eles não "estavam no nível necessário". Conforme o advogado, os adolescentes teriam se revoltado e contado aos pais que houve um estupro.
O caso ocorreu em 22 de janeiro, quando centenas de adolescentes participaram de uma seletiva em Feira de Santana, a cerca de 100 km de Salvador. Entre os participantes, 35 foram levados a um alojamento em Muritiba, onde disputariam um campeonato.
Alguns pais chegaram a ir até o local para conferir as instalações. Na quinta-feira (26), um dos adolescentes, que não teve idade divulgada, entrou em contato com o pai, e pediu para que ele fosse buscá-lo, porque o professor seria "pedófilo".
Em seguida, o adolescente foi interceptado pelo professor, que viu o conteúdo da mensagem. O garoto relatou à polícia ter sido trancado pelo homem em uma sala e obrigado a gravar um vídeo dizendo que tudo não passava de uma brincadeira. Essa filmagem foi encaminhada ao pai dele.
Alguns casos foram denunciados na Delegacia de Feira de Santana — Foto: Divulgação/Polícia Civil da Bahia
O adolescente afirmou que, na sala, foi estuprado pelo homem e que, depois, o menino conseguiu fugir do alojamento e parou em uma praça. Lá, ele foi encontrado por outro professor e relatou toda a situação. Este segundo professor levou o adolescente até uma delegacia e registrou a ocorrência.
"Depois que ele [o professor denunciado] cometeu o abuso, meu filho conseguiu correr para fora do alojamento, e se deslocou para uma praça lá, chorando muito. Outro professor que estava lá, que inclusive foi o que prestou a queixa junto com outro rapaz, acionou o Conselho Tutelar, que imediatamente foi na Delegacia de Muritiba", explicou o pai do adolescente, que também esteve na delegacia.
"Porém não tinha autoridade competente lá. Aí se deslocaram para Santo Antônio de Jesus, para fazer a queixa, registrar o boletim. No primeiro momento em que vi meu filho, quase desmaio de tanta dor no peito, porque ele estava chorando, se tremendo todo."
O adolescente passará por uma sessão no Centro de Referência de Assistência Social (Cras), sob o acompanhamento de uma psicóloga. Um outro jovem deverá ser ouvido. A polícia informou que ele também foi vítima do professor, mas não detalhou se ocorreu estupro.
Com o registro feito, a delegada plantonista encaminhou o adolescente para fazer o exame de corpo de delito. O resultado deve ficar pronto ainda nesta semana.
"Agora meu filho só fica dentro de casa, não quer sair. O que eu quero, no momento, é que ele [professor suspeito] seja preso e que a justiça seja feita", lamentou o pai.
Os dois adolescentes ficarão sob acompanhamento e a Secretaria de Esporte de Feira de Santana informou que presta apoio às famílias envolvidas. O homem também vai ser investigado por ameaçar as crianças e andar armado no alojamento.
"Os alunos lá relataram que ele andava armado. Não só armado, como ameaçando as crianças, que se falassem alguma coisa para o pai, ia matar a família", complementou o pai da vítima que denunciou o caso.