Em depoimento nesta terça (28), a mãe, identificada como Jéssica, contou que o pai deveria buscar Hallan e o irmão dele, de 8 anos, às 10h. Nesse intervalo, os meninos ficariam sob responsabilidade de um sobrinho dela, de 19 anos, que também mora no apartamento dela.
No local, além das duas crianças e do sobrinho, Jéssica mora com outro filho, de 4 anos, e com a mãe dela, de 60 anos.
A reportagem teve acesso aos depoimentos do caso, que é investigado como abandono de incapaz com resultado morte. A reportagem não teve acesso às declarações do pai, mas um investigador afirmou que ele confirmou a versão da mãe. Contou que buscaria as crianças às 10h, se atrasou e não sabia que os filhos ficariam sozinhos em casa.
Hallan estava no apartamento com o irmão de 8 anos e, segundo a apuração, se desequilibrou ao tentar passar de uma janela para outra. Ele morreu com o impacto da queda de uma altura de cerca de 20 metros.
De acordo com o depoimento da mãe, ela saiu de casa por volta das 5h de domingo para fazer um passeio de barco em Ilha Grande, Costa Verde do estado. Ao sair de casa, as crianças dormiam e seu sobrinho de 19 anos também estava na residência.
Ainda segundo a versão de Jéssica, ela teria pedido ao sobrinho para levar seu filho caçula, de 4 anos, para passar o dia na casa da madrinha. Os dois irmãos teriam de ir junto, mas voltariam depois com o sobrinho para serem entregues ao pai.
Já em seu depoimento, o jovem disse que só levou a criança menor para a casa da madrinha. E que, quando saiu do prédio, encontrou a avó das crianças no térreo.
A idosa, por sua vez, relatou à polícia que chegou em casa por volta das 8h, após passar três dias fora, e encontrou Hallan e o irmão sozinhos. Ainda segundo a avó, ela alimentou os netos e ficou em casa até o retorno do neto de 19 anos. O jovem teria dito a ela que precisava trabalhar fora e que Jéssica havia avisado que o pai dos meninos iria buscá-los.
Após o adolescente sair da residência, a avó afirmou que deixou os netos sozinhos, por volta das 10h, assistindo à televisão, para fazer um documento na rua. A queda de Hallan ocorreu por volta meio-dia.
Segundo a avó das crianças, Jéssica nunca deixava os filhos sozinhos. Já a síndica do prédio disse em depoimento que era comum encontrar os meninos sem a companhia de responsáveis no apartamento.
A Polícia Civil já realizou perícia no local. Foi constatada que a janela onde ocorreu a queda tinha grade, mas sem total cobertura. Foi por um espaço sem a grade que a criança saiu do apartamento.
Em uma rede social, a mãe de Hallan afirmou que não deixou os filhos sozinhos. "O meu único erro foi ter confiado em quem não deveria. Respeitem a minha dor, só eu sei o quanto eu amava e fazia de tudo pelos meus filhos!", escreveu.