O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) ironizou mulheres trans ao discursar na tribuna da Câmara dos Deputados nesta 4ª feira (8.mar.2023). O congressista usou uma peruca para ter “local de fala” ao falar no Dia da Mulher.

“Hoje me sinto mulher, deputada Nikole, e tenho algo muito interessante para falar. As mulheres estão perdendo seu espaço para homens que se sentem mulheres”, declarou o deputado ao abrir seu discurso.

“Eles estão querendo colocar uma imposição da realidade que não é a realidade”, continuou Nikolas, referindo-se às pessoas que defendem o direito da população trans. “Ou você concorda com o que eles estão dizendo ou caso contrário você é um transfóbico, homofóbico e preconceituoso”, declarou.

Em seguida, o deputado defendeu a liberdade de um homem recusar a entrada de uma mulher trans em um banheiro feminino para “proteger sua filha”, sem ser considerado um transfóbico.

Nikolas afirmou também que as mulheres estão perdendo espaço nos esportes e em concursos de beleza. Ele criticou marcas que homenagearam mulheres trans em campanhas publicitárias no Dia da Mulher.

O deputado foi publicamente repreendido pelo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL).

“O Plenário da Câmara dos Deputados não é palco para exibicionismo e muito menos discursos preconceituosos. Não admitirei o desrespeito contra ninguém. O deputado Nikolas Ferreira merece minha reprimenda pública”, escreveu em seu perfil nas redes.

PROCESSO NO TJMG

Nikolas Ferreira já responde a um processo por conduta transfóbica, racismo e injúria racial.

Em fevereiro, o TJMG (Tribunal de Justiça de Minas Gerais) acolheu os embargos apresentados pelo Ministério Público do Estado e determinou que a 5ª Vara Criminal de Belo Horizonte julgue o caso.

O processo investiga falas do deputado em novembro de 2020 contra a também deputada Duda Salabert (PDT-MG). Na época, os 2 eram vereadores de Belo Horizonte.

Na ocasião, Nikolas teria dito o seguinte sobre Salabert durante uma entrevista: “Eu ainda irei chamá-la de "ele". Ele é homem. É isso o que está na certidão dele, independentemente do que ele acha que é“.