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Bebê que nasceu com 335 gramas deixa hospital após cinco meses

Por Midia NAS em 18/04/2023 às 21:13:43

Emanuelly chegou às 14h46 do dia 18 de novembro de 2022, pesando 335 gramas e 25 centímetros. Era tão pequena que seus pés mediam 3,5 centímetros, o tamanho do polegar da mãe, Camila Soares, 27 anos.

Camila conta que a gravidez de Manu foi uma surpresa. Em maio de 2021, ela ficou grávida de um menino, Miguel Henrique. A previsão era que o bebê nascesse em fevereiro de 2022, mas aos cinco meses ela descobriu que o coraçãozinho não estava mais batendo. Na época, ela foi encaminhada para o Vila Santa Catarina para fazer a curetagem e foi diagnosticada com hipertensão.

Pouco tempo depois, veio a segunda gravidez e novamente a gestação não evoluiu como o esperado. Ela e o marido, o sushiman Fernando de Sousa Silva, 28, chegaram a pensar que não conseguiriam ter um filho. Foi quando surgiu a notícia de Emanuelly.

Como Miguel, a pequena estava prevista para fevereiro, mas começou a sofrer com a variação de pressão da mãe. Dessa vez, porém, Camila tinha conhecimento do problema e, quando um ultrassom indicou que a criança não estava crescendo adequadamente, procurou o hospital.

"Pensei: 'O coração dela ainda está batendo. Seja o que Deus quiser'", recorda a mãe. Camila procurou o pronto-socorro e foi internada no mesmo dia. No local, passou a receber corticoides e sulfato de magnésio, que respectivamente ajudam a estimular a maturação dos pulmões e tem efeito neuroprotetor.

Depois de quatro dias, a equipe decidiu por uma cesárea de emergência. "A mãe e o bebê não estavam bem. A discussão era se seria possível salvar, se conseguiríamos ajudá-la a respirar, mas a pressão da Camila estava muito difícil de controlar e a Manu estava sofrendo", lembra Luísa Zagne, coordenadora médica da pediatria e neonatologia do hospital.

Manu foi intubada com a menor cânula do mercado. Depois, foi levada para uma incubadora que umidifica e aquece o ar e possibilita a realização de alguns exames sem necessidade de remoção. Era necessário evitar ao máximo qualquer manipulação e simular o útero da melhor forma possível, afirma Zagne.

O Vila Santa Catarina é administrado pela Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, e o Einstein emprestou alguns dos equipamentos usados durante a internação, entre eles um respirador que acompanha o fluxo do bebê, propiciando movimentos mais naturais, e um aparelho que funciona em sincronia com o diafragma e contribui para a extubação.

"Com a Manu tivemos que adaptar. Foi um desafio único", diz Zagne.

As tabelas que estimam a taxa de sobrevivência de prematuros, por exemplo, partem de bebês com 400 gramas, acima do peso de Emanuelly. Foi necessário aguardar mais alguns dias para a extubação porque não havia dispositivo que se encaixasse no rosto da pequena e mesmo a touca de prematuros sobrava em sua cabeça.

"Ela era tão pequenininha. Vê-la na incubadora era de partir o coração", recorda Camila. A fragilidade da neném era tamanha que a mãe teve de pedir ajuda à psicóloga quando autorizaram que tocasse a filha, uma semana após o parto. Tinha medo de contaminá-la com alguma bactéria.

"O primeiro toque foi muito bom. Foi uma sensação tão gostosa! Ali eu tive a certeza de que ela ia sair da UTI", relata.

Os meses seguintes foram de pequenas conquistas e alguns sustos, como quando a saturação da neném baixou de repente bem na hora em que a equipe havia autorizado Fernando a colocá-la no contato pele a pele.

"Foi desesperador. Tudo apita, os médicos correm", conta Camila. "Saber que agora posso pegá-la e que nenhum fio vai desconectar é muito bom, é tranquilizador."

Desde o último dia 13, Camila está com Emanuelly na casa de sua mãe, no bairro São Judas, que possui melhor estrutura para os cuidados que a bebê precisa. Manu ainda utiliza oxigênio e uma vez por semana recebe uma equipe de saúde.

Como outros prematuros, ela também será encaminhada para acompanhamento com pediatra, neurologista, oftalmologista e fonoaudiólogo para estimular e monitorar seu desenvolvimento.

Por enquanto, Manu é um caso isolado, mas a equipe de saúde espera dividir o aprendizado em publicações e congressos e ajudar a replicar o cuidado em outros locais. "Torcemos para que nossa experiência ajude", diz Zagne.

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