Nos últimos anos, o ESG tem ganhado destaque no mundo dos negócios, sobretudo no mercado de tecnologia. A adoção das pautas da agenda no setor representa uma verdadeira mudança nas relações das empresas com os seus stakeholders. De modo geral, estamos falando de todas as pessoas e organizações afetadas de alguma forma pela companhia, como clientes, colaboradores, acionistas, fornecedores e comunidade – além do meio ambiente.
Um estudo recente da consultoria KPMG indica que as empresas de tecnologia, mídia e telecom ampliaram as suas práticas ESG. O avanço se dá nas metas de redução de carbono nos últimos anos, que aumentaram de 61% em 2017 para 81% em 2022. Nesse aspecto, o engajamento de fornecedores torna-se um fator chave para que as empresas possam atingir os seus objetivos de descarbonização.
Isso porque a qualidade dos serviços oferecidos por uma companhia depende muitas vezes, em grande parte, dos insumos e serviços adquiridos pelos fornecedores. À vista disso, a busca por práticas mais sustentáveis na cadeia de suprimentos pode ter um efeito significativo na redução do impacto ambiental e social das atividades empresariais.
No setor de data centers, por exemplo, isso não é diferente. As infraestruturas de armazenamento e processamentos de dados demandam uma grande quantidade de recursos e serviços para operar, como manutenção de maquinário e destinação correta dos resíduos sólidos. Por essa razão, é crucial que as empresas que atuam nesse setor estabeleçam parcerias com fornecedores comprometidos com práticas responsáveis e sustentáveis.
A destinação do resíduo sólido oferecida pelo fornecedor – reciclagem ou aterro sanitário, por exemplo – pode emitir mais ou menos gases de efeito estufa, além de ter um impacto a comunidade local. Mas qual é a relação dessa preocupação de sustentabilidade com a aproximação dos stakeholders?
O engajamento de fornecedores responsáveis é um fragmento imprescindível para a construção de um data center sustentável, que possa atender às demandas crescentes de processamento de dados sem comprometer o meio ambiente. Ao estabelecer relações próximas com stakeholders engajados, as empresas de data centers podem garantir o acesso a insumos e serviços de qualidade, ao mesmo tempo em que promovem práticas responsáveis e sustentáveis em toda a cadeia produtiva.
Outro benefício do engajamento desses grupos é a melhoria dos serviços por meio de uma transformação dos processos. Isso acontece pois os fornecedores são especialistas em suas áreas de atuação e podem oferecer informações valiosas sobre as melhores práticas ambientais e as tecnologias disponíveis para esse fim – o que pode ser simples, como a substituição do combustível da frota para um menos carbono intensivo, ou mais complexo, como a implementação de uma nova tecnologia.
Ao estabelecer um relacionamento próximo com os stakeholders, a empresa pode se beneficiar dessas informações e aplicá-las em seus próprios processos, ampliando a sua eficiência e a qualidade das operações. Além disso, essas emissões são contabilizadas no nosso escopo 3 do inventário de gases de efeito estufa, que é a base da gestão de carbono dos nossos terceiros. Deste modo, essas mudanças colaboram para a diminuição do escopo 3.
Nesse sentido, destaco a importância do CDP (Carbon Disclosure Project) – uma organização sem fins lucrativos – no setor dos centros de dados. Para contextualizar, o CDP incentiva as empresas, governos e demais organizações a mensurarem e divulgarem os impactos ambientais, bem como as práticas de sustentabilidade e eficiência energética das companhias.
Com isso, as empresas são estimuladas a adotar práticas mais sustentáveis, como a utilização de fontes de energia renovável e/ou a redução do consumo energético como um todo. As companhias que respondem ao CDP podem mensurar os riscos e oportunidades das mudanças climáticas em toda a cadeia de valor, obter benefícios financeiros e de reputação corporativa, bem como comparar as suas avaliações com as de outras empresas.
Ao participar do CDP e divulgar as suas práticas de sustentabilidade, as organizações podem demonstrar o seu compromisso com a responsabilidade ambiental e conquistar a confiança e lealdade de stakeholders. Para se ter uma ideia, segundo o relatório Global Supply Chain Report 2022, das mais de 18,5 mil empresas que realizaram essa mensuração em 2022, por meio do CDP, mais de 7 mil indicaram que engajaram os seus fornecedores em mudanças climáticas – ou seja, há muito trabalho pela frente ainda.
Mas é indiscutível que essa transformação não pode acontecer sem liderança organizacional interna. A mudança deve vir de dentro da empresa em conjunto com os fornecedores e demais partes envolvidas no negócio. E isso só acontece quando há um comprometimento dos líderes com a sustentabilidade. Portanto, a governança fundamentada na agenda ESG pode ser uma estratégia sólida para essas lideranças.
É válido dizer que o CDP fornece um fórum para as empresas compartilharem as melhores práticas, trocarem ideias e colaborarem em iniciativas de sustentabilidade. Isso é essencial para o setor e o meio ambiente, já que a redução das emissões de gases de efeito estufa e o uso de práticas mais sustentáveis são desafios globais que requerem a colaboração de empresas, governos e da sociedade civil em si.
Ist