Quatro funcionários do Sporting ficaram no Brasil do último dia 13 até este domingo (23) em uma viagem que não mirou a contratação de jogadores. Foi feito um mapeamento de talentos, sim, mas a prioridade foi estar em contato com a periferia para uma troca: por um lado, uma ação social com orientar jovens e suas famílias; por outro, entender quais características um garoto desenvolve quando joga futebol na rua ou em um campo de terra, longe das formalidades dos campeonatos. É a primeira vez que o clube faz ações deste tipo fora de Portugal.
"É uma forma de aprendermos, e foi isso que nos trouxe aqui. O jogador é nosso núcleo, então sempre precisamos saber onde está o talento, mas o principal propósito desta missão é conhecer a essência destes jogadores. Isso nos dá algumas respostas quando olhamos para nossos jogadores de 17 ou 18 anos. Queríamos estar próximos, entender o jogador, o ambiente e o processo de desenvolvimento deles", explica Luís Branco em conversa com a reportagem. Ele é scout do Sporting, uma engrenagem do departamento de captação de novos jogadores para o clube.
Em São Paulo, a comitiva esteve nos bairros de Itaim Paulista e Itaquera, na Zona Leste. No Recife, as ações foram conjuntas com o Retrô FC, clube parceiro do Sporting e que neste ano disputou a Série D do Campeonato Brasileiro. Na agenda, dois dias de peneiras em um campo de terra, um torneio de 3x3 na rua, e conversas com famílias sobre a importância de um jovem não apostar tudo no futebol.
Além das conversas e palestras, os portugueses também mantêm olhos abertos para possíveis craques que estejam surgindo nestas periferias. É cedo para falar em contratações, mas há uma rede de monitoramento em construção.
"[A viagem] Serve sobretudo para conseguirmos identificar alguns jogadores, conhecer o nível que eles têm, fazer um monitoramento e tentar manter contato. No scouting, algo fundamental é a informação. Vamos acompanhando", afirma Luís Branco. Para ele, estar perto das comunidades quer dizer estar perto também dos talentos.
A passagem pelas periferias não é acidental. "Pretendíamos vir à raiz, estar dentro da comunidade e conhecer as pessoas, porque isso nos ajuda a olhar diferente para o que fazemos [na base do Sporting]. Normalmente os clubes europeus viajam só para acompanhar competições, mas isto é novo. É na rua que tudo começa, onde normalmente se começa a desenvolver uma série de competências dos jogadores. Para nós é uma experiência inacreditável", completa Branco.
As ações no Brasil foram um pontapé inicial. O clube português agora estuda replicar esta viagem a mais países e com mais frequência, para estar em contato com mais comunidades, talentos, e ao mesmo tempo reforçar o posicionamento internacional da marca.