Isso aconteceu no fim de setembro e, de lá para cá, o atacante do Paris Saint-Germain vem colaborando ativamente com a campanha bolsonarista, chegando a participar de uma live com o candidato, na qual prometeu fazer o número 22 com os dedos quando (e se) fizer o primeiro gol na Copa do Mundo.
Por mais que ele queira, não tem como -e a ordem vem de cima: a FIFA proíbe manifestações políticas durante o Mundial. Todo esse contexto, no entanto, desagradou a CBF. A entidade está mordendo o próprio cotovelo.
A Folha de S.Paulo apurou que, internamente, a atitude do atacante foi considerada uma "afronta pública" à instituição, que havia recomendado neutralidade política aos seus jogadores no período pré-Copa do Mundo.
Neste caso, é importante salientar a diferença, ainda que um pouco sutil, entre "recomendar" e "determinar". Não há nenhuma proibição, censura ou regra formal em relação ao posicionamento público dos atletas, como o técnico Tite afirmou em recente entrevista à Folha de S.Paulo.
Mas há uma recomendação, um conselho, para que eles baixem a bola e se contenham -o que Neymar não vem fazendo. Para a CBF, faltou bom senso ao jogador, já que suas declarações podem atiçar a rejeição e a hostilidade de parte da torcida, além de contrariar o que havia sido proposto pela gestão do atual presidente, Ednaldo Rodrigues, de desvincular a política do futebol.
O clima interno está esquentando. Mais do que inadequadas, as declarações do atleta de 30 anos foram consideradas pouco inteligentes e imaturas, e o técnico Tite e o coordenador Juninho Paulista analisam a melhor forma de mostrar a Neymar, com todo o jeitinho, que a fase "menino Ney" já deveria ter passado.