As agências de checagem fazem verificações de fatos na plataforma de mensagens a partir de denúncias de usuários sobre informações falsas. Mas os checadores afirmam que foram comunicados sobre cortes nos valores de seus contratos para 2024. As eleições municipais brasileiras serão realizadas em outubro.
Especialistas apontam que boa parte da desinformação eleitoral circula por WhatsApp, principalmente nos grupos públicos, aqueles que podem ser acessados por links abertos.
Na contramão dos esforços para combate à desinformação, o WhatsApp lançou no ano passado canais reunindo um número ilimitado de seguidores e que permitem a distribuição massiva de mensagens, inclusive com áudios e enquetes. O recurso é semelhante aos canais do Telegram.
A Meta teria alegado dificuldades da empresa ao informar sobre o corte em checagem de fatos no WhatsApp. Entre novembro de 2022 e maio de 2023, a empresa demitiu milhares de funcionários.
No ano passado, porém, a empresa obteve lucro líquido de US$ 39,1 bilhões, alta de 69% em relação a 2022. Segundo os checadores, seus contratos com o Facebook não sofreram cortes. Mas não tiveram reajustes, nem pela inflação, desde 2021.
Os cortes em checagem não se restringem ao Brasil.
Segundo o site "The Information", o WhatsApp reduziu o valor destinado a checagem em outros países, no ano em que quase 3 bilhões de pessoas irão às urnas -inclusive na Índia, que realizará a maior eleição do mundo entre abril e maio e é o país com maior número de usuários do aplicativo.
O Brasil vem em terceiro lugar, atrás de Índia e Indonésia, que realizou seu pleito presidencial em fevereiro.
Os checadores no Brasil e no mundo dependem pesadamente de contratos com a Meta, dona do Facebook, Instagram e WhatsApp. A empresa deve manter o mesmo número de checadores parceiros em relação ao ano passado e projetos suplementares para as eleições.
Em comunicado, o WhatsApp afirmou manter os investimentos este ano.
"O WhatsApp tem orgulho de ser parceiro de mais de 50 organizações de verificação de fatos, inclusive no Brasil, que usam produtos do WhatsApp para fornecer uma maneira para as pessoas fazerem perguntas sobre possíveis informações falsas. Somos o primeiro aplicativo de mensagens a ajudar as organizações de checagem de fatos e vamos continuar esses investimentos este ano."
Na sexta-feira (8), o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) baixou uma resolução de propaganda que coloca mais pressão sobre as plataformas. As empresas passam a ser responsáveis por conteúdo antidemocrático ou publicações que solapam o processo eleitoral.
Reportagem da Folha de S.Paulo sobre o tema mostrou que juristas, representantes das big techs e entidades da sociedade civil acreditam que a resolução é ilegal, pois violaria o Marco Civil da Internet.
O ponto nevrálgico é o artigo 9E. Ele estabelece que as plataformas de internet serão solidariamente responsáveis "civil e administrativamente quando não promoverem a indisponibilização imediata de conteúdos e contas, durante o período eleitoral".
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