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VÍDEO flagrou ex-servidor preso por coação com suposta vítima de Marquinhos em cartório

Ex-servidor foi indiciado por favorecimento a prostituição e coação de testemunhas



Ex-servidor levou suposta vĂ­tima até cartório para ela oficializar versão de depoimento (Foto: Reprodução)

Imagens obtidas com exclusividade pelo Jornal Midiamax mostram o ex-servidor da prefeitura de Campo Grande preso durante as investigações sobre assédios supostamente cometidos pelo ex-prefeito da Capital e candidato ao Governo do Estado, Marquinhos Trad (PSD), levando uma das vĂ­timas até um cartório. Neste dia, a testemunha registrou documento que oficializava a decisão dela de "voltar atrĂĄs' e mudar a versão do depoimento dado inicialmente à PolĂ­cia Civil. No depoimento, a mulher relatou ter sido vĂ­tima de assédio supostamente cometido por Marquinhos.

Pelas imagens gravadas no dia 25 de julho deste ano é possĂ­vel ver quando o ex-servidor chega ao cartório em um veĂ­culo HB20. No banco do passageiro estava uma mulher - a vĂ­tima que foi levada ao cartório. Eles descem do e se juntam a mais duas pessoas, um homem e uma mulher, que não foram identificados.

Os quatro entram no cartório e a vĂ­tima aparece apreensiva, sempre levando as mãos na boca. Na sequĂȘncia, os quatro sentam em um dos sofĂĄs da espera do local e algum tempo depois chega uma outra mulher, que é advogada, para auxiliar os trâmites da declaração que serĂĄ registrada no cartório.

Em outro momento, todos se reĂșnem em uma sala que não é monitorada por câmeras. O horĂĄrio, segundo as imagens, é por volta das 16h52 do dia 25 de julho. Todos sentam no sofĂĄ e a vĂ­tima aparenta apreensão com a situação. O ex-servidor, que estĂĄ em outro canto do cartório, passa pela jovem e a encara, a vĂ­tima leva as mãos ao rosto e aparenta chorar.

A mulher, que não foi identificada e estava junto com o grupo, senta ao lado da vĂ­tima tentando acalmĂĄ-la. A vĂ­tima enxuga as lĂĄgrimas e demonstra mais uma vez apreensão, jĂĄ que o ex-servidor passa novamente por ela a encarando. JĂĄ por volta das 17h55, todos deixam o cartório e a advogada sai com uma pasta contendo a documentação.

Na garagem, a vĂ­tima é "escoltada" pelo ex-servidor até o carro dele. Ela vai embora junto com ele, no banco traseiro do HB20.

Coação de vĂ­timas

Duas vĂ­timas relataram que no dia 18 de julho de 2022 foram procuradas pelo ex-servidor. Ele disse que tinha um 'negócio' bom para elas e que envolvia dinheiro, mas precisava falar pessoalmente em seu lava-jato. No dia 22, eles se encontraram e ele mandou que as mulheres desligassem os celulares e deixassem as bolsas para fora do escritório.

Durante a conversa, o ex-servidor falou para as vĂ­timas "deixarem para lĂĄ" a denĂșncia, jĂĄ que tinham famĂ­lia, amigos e filhos e que a investigação demoraria dois anos no mĂ­nimo, não daria em nada e ainda exporia a imagem delas. Ainda segundo as mulheres, a conversa do ex-servidor era intimidadora.

O Jornal Midiamax tenta, desde sĂĄbado (10), contato por telefone, devidamente registrado, com a defesa de Marquinhos Trad e com o ex-prefeito a respeito das novas denĂșncias envolvendo coação de testemunha, no entanto, as ligações não foram atendidas até a publicação deste texto. O espaço segue aberto para manifestação.

Assista ao vĂ­deo que flagra a movimentação do ex-servidor junto da testemunha:

Esquema de prostituição dentro da Prefeitura

Uma testemunha que trabalhou entre os anos de 2016 a 2018, na Prefeitura, revelou em depoimento que notou que havia um esquema de prostituição dentro do Paço Municipal e que era comandado pelo ex-servidor. Segundo a testemunha, o ex-servidor quase não aparecia na Prefeitura e quando aparecia apresentava comportamento de aliciamento e gerenciamento de meninas para a prostituição.

Ainda segundo o depoimento, foi percebido o aliciamento de mulheres jovens, com o mesmo perfil: magras, morenas, maquiadas, esteticamente produzidas e, principalmente, de hipossuficiĂȘncia financeira. Elas eram inseridas no programa Proinc, porém só trabalhavam uma semana e depois desapareciam e logo surgiam outras meninas.

Casa de prostituição

O ex-servidor ainda mantinha uma casa de prostituição, onde as meninas "alugavam" quartos e repassavam ao ex-servidor o valor de R$ 150 a diĂĄria mesmo não tendo programas marcados. No local, eram vendidas bebidas alcoólicas, mas as garotas não recebiam participação nas vendas - as bebidas chegavam a ser comercializadas por R$ 15 uma cerveja, por exemplo.

No local, ele ainda mantinha um quarto onde, segundo informações, dormia parte da semana. O ex-servidor fazia anĂșncios das garotas em um site de acompanhantes. As meninas eram responsĂĄveis pela organização da casa que tinha uma faxineira uma vez por semana.

Prisão e indiciamento

O ex-funcionĂĄrio do municĂ­pio foi preso no dia 31 de agosto, após o cumprimento de mandados expedidos pela Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher). Ele foi indiciado no mesmo dia de sua prisão pelos crime de favorecimento à prostituição, coação no curso do processo mediante ameaça e corrupção ativa de testemunhas.

No dia de sua prisão, foram cumpridos mandados de busca e apreensão. Foram apreendidos material de campanha do candidato ao Governo Marquinhos Trad. Outros objetos como celulares foram apreendidos pela polĂ­cia.

Em julho de 2021, ele foi exonerado. O ex-servidor foi nomeado em fevereiro de 2017, como gestor de projeto na Subsecretaria de Defesa dos Direitos Humanos e depois atuou como gestor de projeto no gabinete do ex-prefeito até julho de 2021, quando foi exonerado.

MPMS recomendou "derrubar" 8 denĂșncias

Um parecer do (Ministério PĂșblico de Mato Grosso do Sul) foi favorĂĄvel ao trancamento parcial do inquérito policial que apura denĂșncias de crimes sexuais contra o ex-prefeito de Campo Grande, Marquinhos Trad. São casos em que não foram identificados crimes ou nos quais os ilĂ­citos jĂĄ prescreveram, segundo documento ao qual o Jornal Midiamax teve acesso. O parecer foi assinado em 24 de agosto pelo promotor de Justiça Alexandre Capiberibe Saldanha.

Saldanha pontuou caso a caso, sendo que em 6 depoimentos ele identificou situações em que achou que cabe atender ao pedido da defesa de Marquinhos, para trancar o inquérito policial. Como os relatos, que surgiram todos desde o mĂȘs de julho, se referem a fatos que teriam ocorrido hĂĄ vĂĄrios anos, como em 2005 e 2013, os supostos crimes denunciados jĂĄ teriam prescrito.

JĂĄ no dia 5 de setembro, a 3ÂȘ Vara Criminal de Campo Grande arquivou seis denĂșncias contra Marquinhos Trad, por assédio sexual e tentativa de estupro. A Justiça concluiu que houve prescrição dos crimes, ou seja, que o tempo entre a prĂĄtica dos supostos delitos e o julgamento dos casos excedeu o que é previsto no Código de Processo Penal.

A decisão de arquivamento foi publicada no DiĂĄrio Oficial do dia 5, onde foi reconhecida a ocorrĂȘncia da prescrição da pretensão punitiva por parte do Estado contra Marquinhos Trad. Foi determinado o arquivamento parcial do inquérito. Ainda segundo a decisão, o arquivamento não implicarĂĄ em retirar o depoimento das vĂ­timas, que poderão servir de testemunhas de outros delitos também objetos da investigação.

Marquinhos alegou "armação polĂ­tica"

Marquinhos Trad alegou, na época das denĂșncias, que tudo seria parte de uma 'armação polĂ­tica' para prejudicar a candidatura dele a governador de Mato Grosso do Sul após uma discussão por WhatsApp com o secretĂĄrio de estado de Segurança, Carlos Videira.

Marquinhos admitiu que cometeu adultério com ao menos duas das denunciantes enquanto era prefeito de Campo Grande, mas negou os crimes sexuais. JĂĄ em 2018, uma denĂșncia envolvendo suposto assédio contra uma menor aprendiz da Prefeitura chegou ao conhecimento da PolĂ­cia Civil.

Na época, o caso acabou arquivado e a jovem, conforme apurou o Jornal Midiamax, ganhou um cargo sem concurso pĂșblico no gabinete da Prefeitura de Campo Grande.

DenĂșncias de assédio sexual

Após o primeiro registro feito por uma das vĂ­timas, na Corregedoria da PolĂ­cia Civil, outras mulheres procuraram a Deam para fazer denĂșncias de assédio. Em coletiva no dia 26 de julho, a delegada do caso, MaĂ­ra Pacheco, afirmou que a informação de suposto pagamento feito às mulheres para registrarem denĂșncias não consta no inquérito.

No entanto, conforme a delegada, tudo seria investigado e caso seja provado que as mulheres tenham recebido dinheiro, elas podem responder por falso testemunho. O crime tem pena de 2 a 4 anos, além de multa.

"Mas, não diminui outras denĂșncias das outras vĂ­timas que procuraram a delegacia", disse MaĂ­ra Pacheco. Ainda segundo a delegada, sobre as denĂșncias de assédio sexual, em "crimes como esse, a Ășnica materialidade são os relatos das vĂ­timas. Temos de ter respeito em um paĂ­s patriarcal".

Na época, a delegada ainda explicou que outras pessoas estavam sendo investigadas, mas não revelou por quais crimes e nem a quantidade de suspeitos. Não existe ainda previsão de quando Marquinhos Trad deve ser ouvido pela polĂ­cia.

Midiamax

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