Entenda o impacto da guerra de tarifas internacionais no setor de TI
A recente escalada nas tensões comerciais, marcada pela imposição de tarifas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump sobre produtos de diversos países, tem gerado uma série de repercussões no setor de Tecnologia da Informação (TI).
A recente escalada nas tensões comerciais, marcada pela imposição de tarifas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump sobre produtos de diversos países, tem gerado uma série de repercussões no setor de Tecnologia da Informação (TI). Essas medidas protecionistas, que incluem tarifas de 25% sobre importações de aço e alumínio, afetam diretamente países como o Brasil, que é um dos principais exportadores desses produtos para os Estados Unidos.
Em resposta, o governo brasileiro considera a possibilidade de taxar as grandes empresas de tecnologia americanas, conhecidas como big techs, seguindo uma tendência observada em países europeus. Embora a proposta inicial vise o setor de serviços digitais, buscando minimizar o impacto direto sobre produtos físicos e, consequentemente, sobre o consumidor final, é crucial analisar se essas medidas podem, de fato, repercutir no usuário comum e avaliar a autossuficiência digital da indústria de tecnologia brasileira.
Como reciprocidade, a intenção do governo brasileiro de taxar serviços digitais oferecidos por big techs, como Google, Amazon, Meta (Facebook, Instagram) e Spotify, visa equilibrar a balança comercial e responder às tarifas impostas pelos EUA. No entanto, mesmo que a taxação seja direcionada apenas aos serviços, é plausível que os custos adicionais sejam repassados aos consumidores. Por exemplo, plataformas como o Google AdSense, utilizadas por criadores de conteúdo para monetização, podem enfrentar aumentos nos custos operacionais devido às novas tarifas.
Esses custos adicionais podem ser repassados aos anunciantes, que, por sua vez, podem repassar aos consumidores finais, resultando em um aumento no custo de produtos e serviços digitais. Além disso, serviços de streaming de música, vídeos e podcasts, que atualmente são isentos de impostos no Brasil, podem se tornar mais caros para os usuários caso as empresas decidam ajustar seus preços para compensar a nova carga tributária.
Veja a seguir uma lista exemplificada de 10 impactos da guerra tarifária no Setor de Tecnologia da Informação:
- Aumento no custo de serviços digitais: Netflix e Spotify podem elevar preços para compensar novos impostos.
- Redução de investimentos estrangeiros no setor de TI: Gigantes como Google e Amazon podem reduzir novos projetos no Brasil.
- Encarecimento da infraestrutura de computação em nuvem: O custo de serviços como AWS, Google Cloud e Azure pode aumentar.
- Dificuldade de acesso a softwares e licenças internacionais: Empresas podem pagar mais caro por licenças de Windows, Adobe e outros.
- Repasses de custos para anunciantes e criadores de conteúdo: O Google AdSense pode pagar menos aos criadores devido a tarifas mais altas.
- Dependência maior de tecnologias nacionais ou alternativas: Empresas podem buscar soluções open-source para reduzir custos.
- Possível desvalorização do mercado de startups brasileiras: Startups que dependem de tecnologia estrangeira podem perder competitividade.
- Desafios na importação de hardware e componentes tecnológicos: Computadores, servidores e celulares podem ficar mais caros no Brasil.
- Risco de perda de competitividade das empresas brasileiras no mercado global: Empresas nacionais podem perder acesso a tecnologias de ponta.
- Possíveis restrições no acesso a inovação e novas tecnologias: Novas ferramentas de IA e segurança podem chegar atrasadas ao Brasil.
Para o Diego França, Administrador de Redes da Bokker Jeans, essa guerra tarifária impacta principalmente o setor de TI do comércio e indústrias brasileiras, pois, o ambiente fabril torna os computadores obsoletos mais rapidamente e assim exige uma substituição frequente dos equipamentos computacionais devido ao ambiente ao qual estão expostos – alta passagem de pessoas, pó, produtos químicos etc.
A discussão sobre a autossuficiência digital do Brasil é pertinente neste contexto. Embora o país possua polos tecnológicos importantes e empresas de destaque no setor de TI, ainda há uma dependência significativa de tecnologias e serviços estrangeiros. Caso os Estados Unidos decidam restringir o acesso a determinadas tecnologias ou serviços, áreas críticas como computação em nuvem, plataformas de redes sociais, motores de busca e até mesmo sistemas operacionais poderiam ser afetadas.
A interrupção desses serviços impactaria desde operações empresariais até atividades cotidianas dos cidadãos. Além disso, a produção de hardware no Brasil depende de componentes importados, o que poderia ser comprometido em um cenário de restrições comerciais mais severas. Portanto, é essencial que o Brasil invista em pesquisa e desenvolvimento para fortalecer sua indústria tecnológica e reduzir a dependência de fornecedores estrangeiros.
Como de praxe, a Coluna Davis Alves – Tecnologia e Segurança da Jovem Pan, traz os desafios do momento sobre o mundo tecnológico, mas também apresenta soluções de interesse público. Dessa mesma forma, em seguida estão 5 recomendações para Empresas de TI e para usuários transpassarem essa recente crise tarifaria:
Recomendações para Empresas de TI
- Diversificação de fornecedores
- Investimento em infraestrutura própria e tecnologia nacional
- Adoção de soluções open-source e independentes de players americanos
- Revisão de contratos e precificação para mitigar impactos tarifários
- Preferências por tecnologias que rodem em infraestruturas internas (off-line)
Recomendações para Usuários
- Buscar alternativas nacionais ou independentes para serviços digitais
- Monitorar possíveis aumentos de preços em serviços de TI
- Acompanhar políticas tarifárias para entender impactos no consumo digital
- Questionas as empresas sobre os dados pessoais e a Autosufiencia Digital
- Apoiar iniciativas e startups locais de tecnologia
A guerra de tarifas iniciada pelo governo Trump e as possíveis respostas do governo brasileiro, como a taxação das big techs, têm implicações profundas para o setor de TI e para os consumidores. Embora a intenção seja proteger a economia nacional e equilibrar as relações comerciais, é fundamental avaliar cuidadosamente os possíveis impactos indiretos sobre os usuários finais e a resiliência da infraestrutura tecnológica do país.
Uma abordagem estratégica, que inclua investimentos em capacitação tecnológica e incentivos à inovação, é crucial para garantir que o Brasil possa navegar por essas turbulências comerciais sem comprometer seu desenvolvimento digital e a acessibilidade dos serviços para a população. Exemplo: O TikTok ajusta o “For You Page” (FYP) com base nos vídeos assistidos até o final, nos padrões de deslize e nos comentários feitos.
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