Em ritmo de carnaval, Viva Maria fala de samba e natureza
Baixar Tocar Em ritmo de carnaval, o Viva Maria apresenta um projeto que une samba e natureza.
Em ritmo de carnaval, o Viva Maria apresenta um projeto que une samba e natureza. Quem explica a iniciativa é a jornalista e pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Elisabeth Oliveira. Ela conta que a ideia nasceu quando um colega, também pesquisador da UFRJ, estava assistindo o desfile da escola de samba Unidos de Vila Isabel. O enredo falava sobre a transição de um planeta destruído pela crise climática para uma sociedade reconstruída a partir da perspectiva da infância, das novas gerações, da capacidade de recriar e de renascer. Foi aí que surgiu a ideia de sistematizar sambas-enredo que têm ligação com a natureza.
"São muitos sambas memoráveis. Mas desses mais de 500 sambas que foram sistematizados, mais de 70 têm uma expressão muito forte, muito mais direta sobre natureza. E desses, eu não poderia deixar de mencionar o samba de enredo Hutukara, da escola de samba Acadêmicos do Salgueiro do ano passado. Ele traz uma homenagem ao povo indígena yanomami, contando um pouco da resistência, da capacidade desse povo de resistir e de ainda estar vivo, apesar de toda a pressão, toda a violência que esse povo tem sofrido, principalmente nos últimos sete anos. A gente teve aí uma invasão de garimpeiros. Calcula-se que mais de 20 mil invasores estiveram prospectando, explorando ouro e cassiterita na terra indígena yanomami, provocando uma crise humanitária e uma crise ecológica sem precedentes na nossa história mais recente."
Elisabeth lembra que o povo yanomami já teve sua terra invadida entre as décadas de 80 e 90, mas não se imaginava que isso voltasse a acontecer. E isso só ocorreu devido a um período de desmonte das políticas públicas e socioambientais. Ela ressalta que há dois anos o governo federal tem conseguido montar uma força tarefa de órgãos governamentais e instituições de todas as esferas do poder para retirar os invasores da terra indígena, implementar políticas públicas de saúde, de recuperação do ambiente, de atendimento às pessoas que estavam em situação de vulnerabilidade e criar mecanismos de controle para que os garimpeiros não voltassem.
"A informação que a gente tem é que somente no ano passado foram mais de três mil operações de segurança e houve uma redução de mais de 90% das áreas de exploração de garimpo nas terras indígenas yanomami."