Renato Cataldo foi contratado pelo clube alvinegro em meados do ano passado, quando já era procurado pela polícia e, mesmo assim, foi escalado em quatro etapas do Estadual e no Campeonato Brasileiro.
Ele foi preso depois de uma denúncia que levou à polícia à Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio, durante um treino do Botafogo, em outubro. Renato, que fez parte da seleção brasileira no Pan de Lima, em 2019, aguarda na prisão pelo julgamento, que ainda não foi marcado.
Indiciado por tentativa de assassinato contra um segurança na saída de uma boate no Rio, em março de 2020, Renato Cataldo é parte de uma família de renome no remo brasileiro. Ele defendia o Flamengo quando passou de moto atirando contra seguranças de uma casa noturna na Ilha do Governador, zona norte do Rio. O crime chocou a comunidade do remo, que via em Renato uma pessoa da paz.
Pelo relato de testemunhas, ele e um irmão, Marcos Henrique, se envolveram em uma briga na boate e foram expulsos do local pelos seguranças. Ambos tentaram voltar à casa noturna com outras roupas, mas foram identificados e barrados. Retornaram depois, de moto, com Renato na garupa e atirando. Um dos tiros acertou o pescoço de uma pessoa que não tinha a ver com a briga.
O remador, que era atleta da Marinha e, logo, militar, chegou a ser detido temporariamente pela própria Marinha, quase dois meses depois do ocorrido. Na época, no início da pandemia, foi dispensado pelo Flamengo, que alegou que não sabia das acusações contra o remador quando tomou a decisão de não renovar seu contrato, informação que é contestada por pessoas com conhecimento do caso.
Ele ficou menos de dois meses na prisão militar, passando a responder em liberdade em maio de 2020. Em fevereiro do ano passado, a Oitava Câmara Criminal do Rio decretou novamente a prisão preventiva dos dois acusados. Marcos Henrique foi preso na véspera do Natal. Renato passou a ser considerado foragido.
O Botafogo o contratou para sua equipe de remo e o escalou em diversas competições da temporada depois disso. Renato venceu o double skiff em duas etapas do Estadual, além de ter conquistado, sempre em dupla, um terceiro e um sexto lugares. Enquanto foragido, Renato participou até do Campeonato Brasileiro de Barcos Curtos, em maio, ficando fora da final do single skiff.
Ele só foi preso em outubro, na véspera do que seria a semana mais importante do ano no remo, com final do Estadual no fim de semana e, logo em seguida, o Campeonato Brasileiro de Barcos Longos, também no Rio. No Botafogo, acredita-se que a denúncia e a prisão na véspera das competições não foi coincidência.
Quando a prisão aconteceu, a Justiça já havia decidido que Renato e seu irmão serão levados ao tribunal do júri, acusados de tentativa de homicídio qualificado. O remador pode pegar até 10 anos de prisão.
A reportagem trocou mensagens com a advogada Andrea Runco, que defende Renato, e enviou questionamentos a ela na última quinta-feira. Não houve retorno. O Botafogo também foi procurado na última quinta-feira, via assessoria de imprensa, e não respondeu as perguntas formuladas pelo Olhar Olímpico. Da mesma forma, a Confederação Brasileira de Remo não retornou o contato com questionamentos feitos por e-mail, a partir de orientação da própria CBR.